terça-feira, 13 de julho de 2010

MANUAL DO CANDIDATO ÀS ELEIÇÕES

Safadeza política existe há mais de dois (2) mil anos. Manual da Roma antiga ensinava a candidato como se comportar para ganhar votos. Por Felipe Van Deursen.
“Você deve constituir amizades de todos os tipos: nomes ilustres, os quais conferem prestígio ao candidato; magistrados, para garantir a proteção da lei. (...) Isso requer conhecer as pessoas de nome, usar de certa bajulação.” Tá, parece, mas não é uma cartilha encontrada nas coisas de um dos mais de 19 mil candidatos às eleições deste ano.
Trata-se de um trecho do Manual do Candidato às Eleições escrito no ano de 64 A. C., em Roma, por Quinto Túlio Cícero. O autor preparou o manual para seu irmão, Marco Túlio Cícero, ilustre orador e político que naquele ano se candidatava ao posto máximo da República romana: o de Cônsul. O manual, embora curto, tinha conselhos valiosos para Cícero conseguir ser eleito. Fortalecer amizades já existentes e conquistar novas, cobrar favores prestados a quem pudesse ajudar na campanha, decorar o maior número de nomes possível, sorrir para todos, ser generoso, fazer promessas mesmo sabendo que não cumpriria todas, pedir votos na rua, estar sempre cercado de multidões, falar a língua do povo e tornar públicos os podres dos adversários.
”Em Roma, onde havia poder havia corrupção”. “E naquela época da República, como era preciso conquistados todos os setores representados no Senado, as dicas eleitoreiras do manual deveriam ser de grande utilidade”. E foram: Marco Túlio Cícero acabou eleito. PODRES DO PASSADO FORAM EXPLORADOS NA CAMPANHA. A eleição de 64 a.C. e o mandato de Marco Túlio Cícero no consulado foram marcados por desavenças políticas, golpes baixos, acusações e grandes discursos. Embora o manual tenha ajudado, Cícero não precisou de muito esforço para ser eleito. Seus maiores rivais, Antônio e Catilína, eram homens de passados condenáveis. Quinto Túlio sugeriu explorar isso (“Ambos desde a juventude eram assassinos, ambos libertinos”, escreveu). Por isso, mesmo não sendo aristocrata, Cícero tinha a confiança da elite.
Antonio também foi eleito (eram duas cadeiras de cônsul, em votações anuais) e reconciliou-se com Cícero. Catilína, no entanto, candidatou-se de novo, perdeu e conspirou contra Cícero, sem sucesso. Liderou um exército revolucionário e acabou morto, em 62 A. C. O cônsul condenou à morte os membros da conjuração, mas foi exilado por abuso de poder. Vinte anos depois o triunvirato formado por Caio Otávio, Marco Antônio e Lépido afastou os irmãos Cícero da política. Os dois foram mortos. ALGUNS TRECHOS DO MANUAL. Imagem é tudo. “Apesar de os dons naturais valerem muito, (...) um perfil forjado pode falar mais alto do que a natureza. Promessas: “Se você promete (o que o eleitor pede), essa raiva é incerta, futura e se instala em bem poucos. Mas se você nega, provoca irritação no ato e em muitos”. Rabo preso: “Não quero que você ostente isso (a corrupção dos adversários) diante deles de maneira a parecer que já planeja uma acusação, e sim que, pelo simples medo disso, você consiga com facilidade aquilo que busca”.
Esse Quinto Túlio Cícero sabia tudo de povo. Suas instruções ao irmão são seguidas até hoje por quem almeja a eleição a um cargo público. E há quem diga que a corrupção começou com o Luiz Inácio da Silva. Outros constituíram uma CPI porque segundo eles foi o Olívio Dutra que inventou o jogo do bicho e o introduziu no Rio
Grande do Sul. Engraçado, o Vieira da Cunha não fala mais em jogo do bicho. Será que não existe mais ou o bicho comeu sua língua?
### Um dos negócios mais lucrativos nos dias atuais é a exploração dos nomes de Deus e de Jesus. A proliferação de templos, igrejas, lojas, galpões tudo construído pela fé é a prova mais cristalina do que afirmo. Em contrapartida aumentam consideravelmente as tragédias. Parece que já existem as famosas “Franquias” de Igrejas. Cuidado, no meio de gente boa aparece o charlatão, o aproveitador. Com a palavra os especialistas na matéria.
### Até quando a maioria dos senhores vereadores defenderá os vícios administrativos do ex-prefeito BBGT? No último julgamento o relator que acusava vícios insanáveis no relatório acabou seu vice na eleição para prefeito. E agora? Lembrem-se de que os prejuízos são da comunidade e esta precisa ser preservada.
Até enquanto a censura não me cortar, novamente. (Publicado no Jornal C. Gabrielense, em 13.07.2010)

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