Em
um passado não muito distante as pessoas costumavam se reunir para conversar,
jantar ou almoçar em um bom restaurante. O cinema era o lugar onde todos se
reuniam para assistir um filme. A finalidade de todos era uma só, assistir ao
filme. O cinema tinha a finalidade diversa da do restaurante ou bar. Nos
últimos se conversava, se trocava idéias e não raras vezes as reuniões acabavam
em tertúlia.
Tenho
profundas restrições com os programas de televisão e por essa razão não tenho
onde levar meus amigos para um almoço ou janta onde possamos trocar idéias e
discutir nossos assuntos, pois em
todos os restaurantes da cidade, salvo raríssima exceção, há de ter
obrigatoriamente um aparelho de TV ligado, uns chegam a ter mais de um, que
impede o diálogo normal entre duas ou mais pessoas.
Fui
cliente permanente do Paulo Cezar Salgado ao longo de dez (10) anos quando ele
era o dono do Restaurante Panorama por três (3) razões: 1ª - na hora do almoço
nunca o aparelho de TV esteve ligado; 2ª - a qualidade e a variedade do
cardápio que o transformou em um dos melhores, senão no melhor estabelecimento
do gênero na nossa cidade e 3ª – a simpatia e a atenção dos seus colaboradores.
O
seu fechamento me deixou perdido. Sou da opinião que cada um coloca regras na
sua casa e aquele que não as aceita se retira ou não a freqüenta. É o que faço.
O meu grande problema é que gosto de restaurante, de bar. Toda a vida, desde
que me conheço por gente, acredito que estive mais tempo em restaurante e bar
do que na minha própria casa e confesso que a não freqüência nos dias de hoje
me aborrece, me entristece, porque me afasta das pessoas que conheço e diminui
a possibilidade de conquistar novas amizades.
A
dependência da televisão, do computador, do celular e do e-mail está afastando
as pessoas dentro de suas próprias casas.
Incluído
na loucura coletiva do momento está o uso de películas escuras nos vidros dos
automóveis, pois parece que o condutor que se esconde não percebe que os outros
não o identificam e cumprimenta seus conhecidos usando a antipática buzina. É
um Deus nos acuda. Um dia destes um cidadão gentilmente parou o veículo para me
dar uma carona e como não enxergava nada para dentro continuei indiferente. O
mesmo percebeu que não o tinha identificado e baixou uma fresta do vidro do seu
lado. Quando fui entrar no veículo quase sentei no colo de sua mulher.
Ainda
temos o indispensável fone de ouvido que transforma seus usuários em surdos.
Não
quero condicionar ninguém, mas sim alertá-los de que toda essa modernidade
poderá provocar doenças graves nos seus adeptos.
É
extremamente irritante, para mim, gastar em um restaurante e ou bar, pagar caro
e ser obrigado a sofrer a tortura de assistir televisão, coisa que raramente
faço quando estou em casa.
Prefiro
conviver com pessoas do meu mundo do que aturar enlatados de televisão que na
maioria das vezes não me trazem ensinamento algum.
Pelo
que tenho observado creio que num futuro não muito distante teremos a
indispensável televisão ligada até mesmo em velório, se é que ainda não existe.
Pensem.
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