terça-feira, 20 de maio de 2014

LOUCURA TOTAL



            Em um passado não muito distante as pessoas costumavam se reunir para conversar, jantar ou almoçar em um bom restaurante. O cinema era o lugar onde todos se reuniam para assistir um filme. A finalidade de todos era uma só, assistir ao filme. O cinema tinha a finalidade diversa da do restaurante ou bar. Nos últimos se conversava, se trocava idéias e não raras vezes as reuniões acabavam em tertúlia.

            Tenho profundas restrições com os programas de televisão e por essa razão não tenho onde levar meus amigos para um almoço ou janta onde possamos trocar idéias e discutir nossos assuntos, pois em todos os restaurantes da cidade, salvo raríssima exceção, há de ter obrigatoriamente um aparelho de TV ligado, uns chegam a ter mais de um, que impede o diálogo normal entre duas ou mais pessoas.

            Fui cliente permanente do Paulo Cezar Salgado ao longo de dez (10) anos quando ele era o dono do Restaurante Panorama por três (3) razões: 1ª - na hora do almoço nunca o aparelho de TV esteve ligado; 2ª - a qualidade e a variedade do cardápio que o transformou em um dos melhores, senão no melhor estabelecimento do gênero na nossa cidade e 3ª – a simpatia e a atenção dos seus colaboradores.

            O seu fechamento me deixou perdido. Sou da opinião que cada um coloca regras na sua casa e aquele que não as aceita se retira ou não a freqüenta. É o que faço. O meu grande problema é que gosto de restaurante, de bar. Toda a vida, desde que me conheço por gente, acredito que estive mais tempo em restaurante e bar do que na minha própria casa e confesso que a não freqüência nos dias de hoje me aborrece, me entristece, porque me afasta das pessoas que conheço e diminui a possibilidade de conquistar novas amizades.

            A dependência da televisão, do computador, do celular e do e-mail está afastando as pessoas dentro de suas próprias casas.

            Incluído na loucura coletiva do momento está o uso de películas escuras nos vidros dos automóveis, pois parece que o condutor que se esconde não percebe que os outros não o identificam e cumprimenta seus conhecidos usando a antipática buzina. É um Deus nos acuda. Um dia destes um cidadão gentilmente parou o veículo para me dar uma carona e como não enxergava nada para dentro continuei indiferente. O mesmo percebeu que não o tinha identificado e baixou uma fresta do vidro do seu lado. Quando fui entrar no veículo quase sentei no colo de sua mulher.

            Ainda temos o indispensável fone de ouvido que transforma seus usuários em surdos.

            Não quero condicionar ninguém, mas sim alertá-los de que toda essa modernidade poderá provocar doenças graves nos seus adeptos.

            É extremamente irritante, para mim, gastar em um restaurante e ou bar, pagar caro e ser obrigado a sofrer a tortura de assistir televisão, coisa que raramente faço quando estou em casa.

            Prefiro conviver com pessoas do meu mundo do que aturar enlatados de televisão que na maioria das vezes não me trazem ensinamento algum.

            Pelo que tenho observado creio que num futuro não muito distante teremos a indispensável televisão ligada até mesmo em velório, se é que ainda não existe.

            Pensem.

    

           

 

           

 

 

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