terça-feira, 11 de junho de 2013

UMA SOCIEDADE CORRUPTORA


 

 

         Não estava na minha programação voltar a ocupar este espaço no mês de junho, pois estava fazendo contatos pessoais com os diversos segmentos da coletividade para fazer avaliações dos porquês das dificuldades do nosso desenvolvimento.

            No exercício da minha profissão fui e sou inflexível na defesa dos interesses das instituições, das empresas e dos patrimônios que estiveram e que estão aos meus cuidados e sob minha orientação técnica. Justamente por ser correto e trabalhar dentro da ética e dos princípios técnicos e científicos que a boa gestão exige tive muitos dissabores, principalmente com meus superiores que na maioria das vezes queriam tirar proveito próprio dos cargos que desempenhavam na organização. É óbvio que as exceções existem, mas as exceções viraram regras e o cumprimento das regras se tornou exceção. Sempre me prejudico, mas honro o juramento que fiz quando recebi meu diploma, honro o colégio em que estudei e honro sobremaneira os professores que tive.

            Nos contatos que fiz durante esse curto período de afastamento constatei, e confirmei minhas convicções de que vivemos em uma sociedade extremamente corruptora, pois mais de noventa por cento (90%) das pessoas contatadas, pertencentes às diversas classes sociais, não querem saber de disciplina, de seriedade e muito menos estão dispostas a prestigiar os corretos.

            Ouvi de muitos a seguinte expressão: com o seu discurso sério o senhor não vai a lugar algum, pois o povo gosta dos mentirosos, pilantras, vigaristas, aproveitadores e de todo o tipo de irresponsáveis. Esses sempre dão razão ao povo, ao contrário do senhor que o quer esclarecer. Eis aí, caros leitores, a grande causa da péssima qualidade da gerência de nossas instituições e de nossa anarquia coletiva.

            A Constituição Federal diz que a administração pública obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, etc., mas na prática o que se vê é o contrário, basta qualquer funcionário sem expressão ir passear em Brasília e o carnaval publicitário nos jornais locais, com direito a foto, é escandaloso.

            Tenho, e não é de hoje, a firme convicção de que a causa maior é o povo ou a maioria do eleitorado e a conseqüência é o tipo de político escolhido. Na semana passada ao divergir de uma eleitora de São Gabriel quanto às causas dos péssimos políticos eleitos que predominam nos palácios e que são escolhidos legitimamente pela maioria dos eleitores, quase fui linchado. Por quê? Porque perguntei em quem ela vota. Apesar de resistir em responder, acabou reconhecendo que vota em um dos piores políticos que gravita na política do Rio Grande do Sul.

            Isso mesmo, vota no pior, no aproveitador, no mentiroso, mas ao mesmo tempo exige políticos sérios. E na condição dessa eleitora existem milhares ou milhões por esse Brasil. Isso ultrapassa o limite da estupidez para não escrever o que realmente penso desse tipo de gente.

            Os exemplos são fartos e estão bem perto de nós, mas são difíceis de serem compreendidos, senão vejamos: quem os financiadores preferem os bons ou os maus? Respondam.  

            Um empresário precisava contratar um contador. Apresentaram-se três candidatos. A pergunta era a mesma para todos: quanto é dois mais dois? O primeiro respondeu, quatro. O senhor é muito preparado, mas não me serve; o segundo como não poderia deixar de ser, também respondeu, quatro. Também não me serve. A resposta do terceiro foi a seguinte: o que for melhor para o nosso interesse patrão. Foi o escolhido, mas lá adiante o empresário quebrou e sabem quem comprou sua empresa? O contador escolhido pelo mesmo.

            Prestem atenção, o eleitor quebra, mas o político escolhido sempre fica bem.

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