Foi o que resolvi me dar. Precisei refletir sobre
diversas coisas, mas principalmente sobre minha vida. Nada teve a ver com a
censura, pois se esta tivesse existido teria me afastado definitivamente e os
leitores saberiam disso em primeira mão. Nunca pensei em parar definitivo.
Durante o meu afastamento pensei
muito nos meus pais, nos meus
irmãos, na minha família, mas principalmente na minha filha Rafaela que eu não
sei se está satisfeita com o pai que tem, porém saibam de que estou plenamente
satisfeito com a filha que tenho. Pensei ainda no Amarílio C. Teixeira, no
médico Inocêncio Gonçalves, no Jerônimo Firpo, no Bernardo Barbosa, no Ananias
Machado, no Telmo Menezes, no Carlos Bento Pereira, no Adamastor Costa, no
Ervandil Machado, no Nestor Simonetto, que sempre acreditou em mim, no Juarez
Lopes, no Dácio de Assis Brasil, no Peri Gonçalves, no Renato Brum Pereira, no
Charlesmagne Neme e em tantos outros velhos que me fazem falta, pois eles muito
contribuíram com o meu desenvolvimento intelectual através do convívio que
mantivemos.
Pensei muito também na Maria Aglaé,
no João Alfredo B. Pereira, no Luiz Eduardo A. B. Silveira, no Luiz Alberto M.
Pereira, no Hugo Gonçalves, no Carlos Dácio Assis Brasil, pessoas das quais
sempre recebi todo o tipo de solidariedade nos meus momentos de dificuldade e
nos tantos leitores que me distinguem com a leitura deste espaço.
Nunca tive o apoio da maioria desta
cidade, mas a confiança que sempre recebi da minoria dentro da minoria me
obriga a ser cada vez mais combativo, mais ousado, mais autêntico e mais justo
na defesa das tradições e da história desta terra que poucos amam. Acredito que
é meu destino dar soco em ponta de faca, pois a cada dia que passa meu ânimo
aumenta muito mais do que a descrença, do que a devassidão, do que a podridão
que contamina os diferentes recantos deste País. Os que me conhecem sabem que
não me curvo e não me desmoralizo para agradar amigos. Sou grato aos que me
fazem o bem, repudio aos que me fazem o mal. Não sou capacho e muito menos
adulador. Jamais capitularei.
Não posso parar de escrever porque se
parar certamente a verdade sucumbirá. Alguém precisa falar bem alto e escrever
para que todos saibam que muitos dos que não corresponderam à confiança neles
depositada na administração da coisa pública são os mesmos que hoje ainda se
sustentam através de cargos públicos distribuídos por quem está no poder, ante
o aplauso dos omissos e o silêncio dos hipócritas que por não terem auto-estima
e nem civismo assistem impassíveis a derrocada moral que toma conta de tudo e
de todos. Não preciso e nem quero enganar ninguém, por isso me acompanho da
verdade.
Em 1991 escrevi um artigo intitulado
“CAOS” que só o Jornal O ECO do PAMPA, do amigo Ciro Jardim de Oliveira
publicou. Nunca imaginei que assistiria, em vida, o que previ naquela ocasião,
a decadência moral de todos os valores de uma sociedade. Passados vinte e dois
anos e hoje assisto entristecido a ruptura total dos pilares básicos da
sociedade.
A família contaminada e sem controle
já não educa ninguém; o judiciário julga de acordo com o interesse do julgador
ou do réu e raras vezes em benefício da sociedade; o Legislativo e o Executivo
são espelhos fiéis do pensamento anárquico da maioria da coletividade. E a
própria imprensa, salvo raras exceções , já não cumpre com sua finalidade
principal.
Um recado aos bobalhões que não me
conhecem e que dizem por aí que sou assim porque nunca me deram chance: eu sou assim porque recusei propostas
indecorosas que vocês aceitariam; eu sou assim porque tenho vida pregressa que
me dá sustentação moral; eu sou assim porque recusei cargos para manter meu
discurso, minha personalidade e minha identidade; eu sou assim porque TENHO
RESPEITO PELO HOMEM QUE SOU e POR TODOS OS QUE ME DISTINGUEM COM SUA AMIZADE ao
passo que vocês perderam os cargos, os discursos, a personalidade e a
identidade, se é que algum dia os tiveram.
De ora em diante convido a todos para trabalharem na
recuperação moral que se faz necessária neste país. E só depende de nós.
O
triunfo das nulidades está diretamente ligado à falta de moral de um povo e ao
apoio incondicional dos irresponsáveis.
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