[Resolução 63, do Banco Central, que permitia repasses às empresas de empréstimos externos captados em dólar.] eu nem sabia o que era “Meia Três”. O Babot Miranda, presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, me explicou o que era e disse que havia grande verba para isso. Ponderei que era um risco, que a nossa economia não tinha garantia nenhuma de estabilidade: e se eles resolvessem de uma hora para outra desvalorizar o cruzeiro como é que eu ficaria devendo em dólar? Aí o Delfim me assegurou: “Não se preocupe, o cruzeiro acompanha o dólar. No fim dá tudo no mesmo”. Poucos meses depois que eu contraí os primeiros empréstimos em dólar, o Delfim anunciava, em fevereiro de 1979, uma maxidesvalorização do cruzeiro de 30%! Fui de novo até ele: E agora como é que eu fico?” Ele me tranqüilizou: “Não te preocupa”. “Isso tu absorves com o decorrer do tempo, foi apenas um impacto...” dois meses depois outra maxi de mais 30%! Foi uma loucura. A dimensão do prejuízo que eu tive foi inimaginável... E aí começou a bola de neve de prejuízos e dívidas se somando, se multiplicando... Quando começou a demorar o empréstimo da Caixa Federal eu tive que fazer outros negócios, pedir dinheiro em outros bancos, com juros altíssimos, correção monetária, etc. Eu até hoje acho que no início... e em vários momentos subseqüentes... hoje eu vejo isso claramente... faltou, digamos assim, um estímulo extra de minha parte para resolver certas dificuldades, conseguir algumas coisas que teriam sido decisivas para resolver nossos problemas. Mas nesse ponto eu confesso plenamente minha incompetência: eu não sei subornar! (o grifo é meu). A minha impressão... uma impressão pessoal minha é que alguém poderia estar querendo lucrar alguma coisa com as minhas dificuldades... comissões, porcentagens. E eu que nunca agi nesse terreno te confesso que se tivesse que fazer o negócio nessa base, não saberia o que fazer, teria que me socorrer de alguém... Não sei fazer essas coisas... Nunca fiz! Não tenho cara para fazer uma proposta dessas... Chegar a uma autoridade e dizer “Olha, tem uma margem de tanto por cento...” eles usam esses eufemismos: “uma margem...”, “uma margem para despesas...” Eu me lembro quando o presidente Médici me disse aqui em casa, estava sentado aí, bem onde estás, das preocupações dele quando foram fechar aquele negócio de Itaipu com o Paraguai. Cheguei a brincar: “Como é? Tem muita bola grande aí nesse negócio?” Ele me contou, então, que tinha exigido um orçamento “claro e limpo” antes de qualquer coisa. Apesar de todo o rigor ainda encontrou lá uma verba de oito milhões de dólares que ele não conseguia identificar exatamente para o que era... os assessores diziam que era uma rubrica destinada a “aquisição de boa vontade...” (o grifo é meu).
Toda essa orquestração foi articulada com o fim único de acabar com a única imprensa livre do País, e acabaram. Sabiam do gabarito moral do cidadão Breno Caldas e se aproveitaram da sua lisura moral para inviabilizá-lo definitivamente como empresário das comunicações.
Eis um homem que merece um memorial, não no Rio Grande do Sul, mas no Brasil e não certas caricaturas que não resistem a menor análise.
terça-feira, 19 de abril de 2011
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