sexta-feira, 9 de novembro de 2012

FALSA IMPRESSÃO


 

 

            Há uma visível e risível intenção de determinados segmentos da mídia nacional em proteger determinados faltosos quando afirmam que a condenação dos réus da Ação Penal 470 marca o fim da impunidade, o início da moralização e o fim da corrupção no Brasil como se aqueles fossem os únicos criminosos e que os Tribunais ao fim do julgamento livrariam o Brasil desse tipo tão prejudicial às instituições.

            Que bom seria se assim fosse, mas não acredito.

            Não acredito porque a maioria do eleitorado e do povo brasileiro não respeita as decisões da Justiça, haja vista que muitos políticos condenados por mau uso do dinheiro público continuam recebendo a preferência da maioria dos eleitores quando candidatos.

            Os exemplos são vários, inclusive na nossa cidade, mas perderia espaço precioso os enumerando. Todos sabem quem são eles aqui e acolá.

            O que esses segmentos da imprensa, com honrosas exceções, proclamam é que a corrupção é marca registrada do atual grupo palaciano e alijando-o do poder o país estará definitivamente purificado. Mas não cobra dos Tribunais o julgamento de outras Ações Penais. É que as outras, se supõe, atingiriam seus protegidos.

            Sou um jornalista independente, um eleitor independente, um profissional independente, um amante independente, mas justo e por essa razão pessoas do meu relacionamento social ficam zangadas quando critico seus posicionamentos contraditórios no desempenho de cargos em qualquer instituição ou mesmo posicionamentos políticos.

            Sou justo, logo não posso ter a mesma prática que critico nos outros.  

            Componentes das forças conservadoras de São Gabriel poucos anos atrás queriam matar o PT; choravam e entusiasmados diziam que derramariam seu sangue na defesa da propriedade que teriam herdado do pai, avô, bisavô ou coisa parecida. Elegeram um deputado estadual. Tais fatos não foram criados por este jornalista. Neste ano alguns daqueles componentes desfilavam lado a lado com o PT e a tradicional bandeira do 13. É adesismo ou busca de acomodação?

            São observações minhas, mas que qualquer pessoa pode contestar, pois se existe coisa que me apaixona é o debate de idéias desde que os debatedores aceitem a verdade.

             Para muitos da direita radical o chefe da quadrilha que, segundo eles, tomou conta do Brasil se chama, Luiz Inácio da Silva. Até pode ser, mas entendo diferente: A quadrilha não tomou conta, pois recebeu o Brasil deles mesmos que durante vinte e cinco (25) distribuíram privilégios para um número reduzido de abastados. E durante esse tempo, deliciados com as regalias, desaprenderam a ficar longe do poder, por isso o adesismo de hoje. Mas por que o Luiz Inácio da Silva foi o Presidente que mais aparelhou e deu maior autonomia à Polícia Federal se era o chefe?

            Não é culpa do PT, olhem para dentro de si mesmos e verão que fomos nós que não tivemos sabedoria e nem grandeza para criar um projeto de desenvolvimento social que contemplasse todos os brasileiros. A longa permanência no poder voltada aos interesses de uma minoria conservadora nos retirou o mesmo apoio popular que nos conduziu ao poder. E só a longa permanência no poder contribuirá com a desintegração do atual grupo pelo desgaste de ser governo.       

            É o povo que gosta dos Roberto Jefferson, dos José Dirceu e dos Marcos Valério e guardadas as proporções nós temos os nossos em São Gabriel que vão muito bem.

            Não são os Tribunais que precisam combater a corrupção, mas o povo que precisa deixar de produzi-la. Os próprios Tribunais abarrotados de processos são a prova do que afirmo.

        

           

 

 

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