Há
uma visível e risível intenção de determinados segmentos da mídia nacional em
proteger determinados faltosos quando afirmam que a condenação dos réus da Ação
Penal 470 marca o fim da impunidade, o início da moralização e o fim da corrupção
no Brasil como se aqueles fossem os únicos criminosos e que os Tribunais ao fim
do julgamento livrariam o Brasil desse tipo tão prejudicial às instituições.
Que
bom seria se assim fosse, mas não acredito.
Não
acredito porque a maioria do eleitorado e do povo brasileiro não respeita as
decisões da Justiça, haja vista que muitos políticos condenados por mau uso do
dinheiro público continuam recebendo a preferência da maioria dos eleitores
quando candidatos.
Os
exemplos são vários, inclusive na nossa cidade, mas perderia espaço precioso os
enumerando. Todos sabem quem são eles aqui e acolá.
O
que esses segmentos da imprensa, com honrosas exceções, proclamam é que a
corrupção é marca registrada do atual grupo palaciano e alijando-o do poder o
país estará definitivamente purificado. Mas não cobra dos Tribunais o
julgamento de outras Ações Penais. É que as outras, se supõe, atingiriam seus
protegidos.
Sou
um jornalista independente, um eleitor independente, um profissional
independente, um amante independente, mas justo e por essa razão pessoas do meu
relacionamento social ficam zangadas quando critico seus posicionamentos
contraditórios no desempenho de cargos em qualquer instituição ou mesmo
posicionamentos políticos.
Sou
justo, logo não posso ter a mesma prática que critico nos outros.
Componentes
das forças conservadoras de São Gabriel poucos anos atrás queriam matar o PT;
choravam e entusiasmados diziam que derramariam seu sangue na defesa da
propriedade que teriam herdado do pai, avô, bisavô ou coisa parecida. Elegeram
um deputado estadual. Tais fatos não foram criados por este jornalista. Neste ano alguns daqueles componentes
desfilavam lado a lado com o PT e a tradicional bandeira do 13. É adesismo ou
busca de acomodação?
São
observações minhas, mas que qualquer pessoa pode contestar, pois se existe
coisa que me apaixona é o debate de idéias desde que os debatedores aceitem a
verdade.
Para muitos da direita radical o chefe da
quadrilha que, segundo eles, tomou conta do Brasil se chama, Luiz Inácio da
Silva. Até pode ser, mas entendo diferente: A quadrilha não tomou conta, pois
recebeu o Brasil deles mesmos que durante vinte e cinco (25) distribuíram
privilégios para um número reduzido de abastados. E durante esse tempo, deliciados
com as regalias, desaprenderam a ficar longe do poder, por isso o adesismo de
hoje. Mas por que o Luiz Inácio da Silva foi o Presidente que mais aparelhou e
deu maior autonomia à Polícia Federal se era o chefe?
Não
é culpa do PT, olhem para dentro de si mesmos e verão que fomos nós que não
tivemos sabedoria e nem grandeza para criar um projeto de desenvolvimento
social que contemplasse todos os brasileiros. A longa permanência no poder
voltada aos interesses de uma minoria conservadora nos retirou o mesmo apoio
popular que nos conduziu ao poder. E só a longa permanência no poder
contribuirá com a desintegração do atual grupo pelo desgaste de ser governo.
É
o povo que gosta dos Roberto Jefferson, dos José Dirceu e dos Marcos Valério e
guardadas as proporções nós temos os nossos em São Gabriel que vão
muito bem.
Não
são os Tribunais que precisam combater a corrupção, mas o povo que precisa
deixar de produzi-la. Os próprios Tribunais abarrotados de processos são a
prova do que afirmo.
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