sexta-feira, 8 de outubro de 2010

SEM SURPRÊSAS

É o que se pode dizer, em um primeiro momento, sobre o resultado das eleições. Apenas se confirmou o que escrevi em colunas anteriores, a falência dos partidos e a individualização do voto. O brasileiro não escolhe um partido político pelo seu conteúdo ideológico, mas sim pelo imediato atendimento do seu interesse pessoal. A maioria que busca uma filiação partidária o faz em busca de alguma vantagem e o abandona sempre conseguindo ou não seu objetivo. Poucos enxergam a política como um exercício de sua cidadania.
O fracasso dos partidos políticos é evidente há muito tempo e se escancarou nesta eleição quando em dificuldade para apresentarem candidatos bons de votos dentre os seus afiliados saíram em busca de individualidades que estão em permanente contato com o eleitorado através da grande mídia. Prestem atenção, não estou afirmando que tais individualidades não prestam ou que serão maus parlamentares, mas sim que eles esvaziam a finalidade dos partidos e os desmoralizam porque não têm vida partidária. Sua presença fictícia no seio do povo através da mídia os torna íntimos do eleitorado. Esse instrumento a maioria dos candidatos não tem. A prova mais evidente do que afirmo é a votação, em São Gabriel, da candidata Ana Amélia (RBSTV) 19 mil votos que se filiou ao PP para concorrer ao Senado enquanto os candidatos do mesmo PP que têm uma longa vida partidária como o Luiz Carlos Heinze teve apenas 1.182 votos; o Frederico Antunes obteve 786 e o Jerônimo Goergen alcançou míseros 403 votos. A votação da primeira representa a tela da TV e a dos demais a força do Partido Político. Assim fica difícil de competir e de manter uma ideologia política.
O Baltazar obteve a extraordinária votação de 13.538 e demonstrou que continua vivo no município, todavia o seu candidato a deputado federal Beto Albuquerque do mesmo partido atingiu somente 5.063 votos. Ninguém pode fugir dos números, pois eles são frios e implacáveis.
Fui muito contestado por pessoas do meu partido que me mandaram um e-mail criticando a candidatura do Palhaço por outro partido e respondi que o referido não era em nada diferente do nosso, pois a finalidade de todos os dois com a Ana Amélia e o Palhaço era a mesma, ou seja, conseguir mandatos aproveitando pessoas com larga e permanente visibilidade junto ao eleitorado. Palhaço não é profissional do humor? Palhaço não é gente? Não é eleitor? Quem garante antecipadamente que um Palhaço não pode ser melhor parlamentar do que uma repórter?
E ainda vêm os Ministros do TSE através de uma resolução estúpida que não reflete a realidade do voto impor que o mandato pertence ao Partido. Decidiram contra a imensa maioria do eleitor que vota no candidato e não no Partido. Esta é uma evidência cristalina haja vista os resultados de mais uma eleição.
A constatação que fica é que os Partidos Políticos são meros instrumentos oficializadores de candidaturas e os próprios trabalham pela auto-extinção quando saem em busca de qualquer um com potencial de votos para preencher suas nominatas e assim conseguir mandatos.
Os números frios e implacáveis são as testemunhas incontestes do que afirmo.
Até enquanto a censura não me cortar, novamente.

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