Escancarou nesta campanha presidencial. Por quê? Porque os dois postulantes ao cargo máximo da nação representavam administrações eivadas dos vícios que contaminam os palácios governamentais. De um lado José Serra, o candidato do bem, tentando negar que participou de uma administração federal cujo Presidente patrocinou escândalos como a conquista da reeleição, do Sivam, do Proer e tantos outros que não há espaço na coluna para citá-los, mas que tinha a simpatia da grande imprensa e uma sólida maioria no Congresso Nacional o que conseguiu sufocar todas as iniciativas das ineficazes Comissões Parlamentares de Inquérito e a divulgação maior da roubalheira. Do outro lado Dilma Roussef a guerrilheira, supostamente a matadora de criancinhas, a mãe do PAC, a filha do Luiz Inácio representando o governo do escândalo da compra de apoios no Congresso Nacional, dos dossiês, tão corrupto quanto o seu antecessor, mas com a antipatia dos grandes órgãos da imprensa, com um rosário de CPIs., sem maioria no Parlamento Brasileiro e considerado como a administração mais corrupta que o país já viu. Toda a ação provoca uma reação e em uma disputa entre o roto e o esfarrapado é mais fácil imperar as acusações recíprocas do que os projetos futuros.
O estranho nesta campanha política e acredito que é a primeira vez que acontece é o fato da grande imprensa declarar abertamente a preferência por um dos candidatos e isso fez com que perdesse a isenção na divulgação dos fatos, dos escândalos e das falcatruas dando maior ênfase ao erro do lado antipático com a visível intenção de facilitar as coisas para o seu lado.
Por exemplo: a imprensa publicou que a candidata Dilma patrocinou a quebra do sigilo da Verônica Serra, mas em nenhum momento informou que a senhora Verônica Serra foi sócia de uma empresa entre os anos 2000 e 2002 que quebrou o sigilo fiscal de deputados de diversos partidos (Leandro Fortes – Carta Capital). Todas as duas são supostamente criminosas, pois um erro não justifica o outro, mas a imprensa calou no que diz respeito à Serra.
A mulher do José Serra, segundo depoimento de suas alunas, admite que fez aborto; um cunhado do José Serra, Gregório Marin Preciado, foi beneficiado com a redução de uma dívida do Banco do Brasil de R$ 448 milhões para míseros R$ 4,1 milhões quando Serra era Secretário do Planejamento do governo de São Paulo em 1993 (Leandro Fortes - Carta Capital), mas a grande imprensa silenciou.
O processo político brasileiro está há muito tempo contaminado porque o brasileiro de um modo geral, com raríssimas exceções, aplaude as fraudes dos companheiros e só as enxerga nos adversários. O PT tinha um discurso fácil antes de chegar ao poder, mas nesta campanha política se igualou no aspecto moralidade administrativa a todos os outros que o antecederam.
Isso é visível nos Parlamentos Municipais, Estaduais e Federais e nos executivos dos três níveis quando o grupo que quer entrar critica as atitudes do grupo que está no poder, todavia investido deste pratica a mesma corrupção, os mesmos vícios e as mesmas falcatruas que são aplaudidos pelos novos aduladores e ocupantes temporários dos palácios. Mudam as pessoas, não as práticas. Mudam os beneficiados, não as fraudes.
Confesso que dois anos atrás na eleição para prefeito municipal já vivi o dilema que agora se repete. Naquela a opção foi mais fácil porque os candidatos eram bem diferentes, mas nesta é o roto contra o esfarrapado. De um lado a continuidade e do outro a volta do velho que não deixou boas lembranças. É preciso pensar bastante para avaliar qual dos dois é o menos ruim para os interesses do Brasil e de toda sua coletividade. Pensem e decidam, mas não se omitam.
Até enquanto a censura não me cortar, novamente.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
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