sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A PODRIDÃO DO PODER

Escancarou nesta campanha presidencial. Por quê? Porque os dois postulantes ao cargo máximo da nação representavam administrações eivadas dos vícios que contaminam os palácios governamentais. De um lado José Serra, o candidato do bem, tentando negar que participou de uma administração federal cujo Presidente patrocinou escândalos como a conquista da reeleição, do Sivam, do Proer e tantos outros que não há espaço na coluna para citá-los, mas que tinha a simpatia da grande imprensa e uma sólida maioria no Congresso Nacional o que conseguiu sufocar todas as iniciativas das ineficazes Comissões Parlamentares de Inquérito e a divulgação maior da roubalheira. Do outro lado Dilma Roussef a guerrilheira, supostamente a matadora de criancinhas, a mãe do PAC, a filha do Luiz Inácio representando o governo do escândalo da compra de apoios no Congresso Nacional, dos dossiês, tão corrupto quanto o seu antecessor, mas com a antipatia dos grandes órgãos da imprensa, com um rosário de CPIs., sem maioria no Parlamento Brasileiro e considerado como a administração mais corrupta que o país já viu. Toda a ação provoca uma reação e em uma disputa entre o roto e o esfarrapado é mais fácil imperar as acusações recíprocas do que os projetos futuros.
O estranho nesta campanha política e acredito que é a primeira vez que acontece é o fato da grande imprensa declarar abertamente a preferência por um dos candidatos e isso fez com que perdesse a isenção na divulgação dos fatos, dos escândalos e das falcatruas dando maior ênfase ao erro do lado antipático com a visível intenção de facilitar as coisas para o seu lado.
Por exemplo: a imprensa publicou que a candidata Dilma patrocinou a quebra do sigilo da Verônica Serra, mas em nenhum momento informou que a senhora Verônica Serra foi sócia de uma empresa entre os anos 2000 e 2002 que quebrou o sigilo fiscal de deputados de diversos partidos (Leandro Fortes – Carta Capital). Todas as duas são supostamente criminosas, pois um erro não justifica o outro, mas a imprensa calou no que diz respeito à Serra.
A mulher do José Serra, segundo depoimento de suas alunas, admite que fez aborto; um cunhado do José Serra, Gregório Marin Preciado, foi beneficiado com a redução de uma dívida do Banco do Brasil de R$ 448 milhões para míseros R$ 4,1 milhões quando Serra era Secretário do Planejamento do governo de São Paulo em 1993 (Leandro Fortes - Carta Capital), mas a grande imprensa silenciou.
O processo político brasileiro está há muito tempo contaminado porque o brasileiro de um modo geral, com raríssimas exceções, aplaude as fraudes dos companheiros e só as enxerga nos adversários. O PT tinha um discurso fácil antes de chegar ao poder, mas nesta campanha política se igualou no aspecto moralidade administrativa a todos os outros que o antecederam.
Isso é visível nos Parlamentos Municipais, Estaduais e Federais e nos executivos dos três níveis quando o grupo que quer entrar critica as atitudes do grupo que está no poder, todavia investido deste pratica a mesma corrupção, os mesmos vícios e as mesmas falcatruas que são aplaudidos pelos novos aduladores e ocupantes temporários dos palácios. Mudam as pessoas, não as práticas. Mudam os beneficiados, não as fraudes.
Confesso que dois anos atrás na eleição para prefeito municipal já vivi o dilema que agora se repete. Naquela a opção foi mais fácil porque os candidatos eram bem diferentes, mas nesta é o roto contra o esfarrapado. De um lado a continuidade e do outro a volta do velho que não deixou boas lembranças. É preciso pensar bastante para avaliar qual dos dois é o menos ruim para os interesses do Brasil e de toda sua coletividade. Pensem e decidam, mas não se omitam.
Até enquanto a censura não me cortar, novamente.

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