sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

"O CAÇA DOTES"

Esta matéria foi publicada pelo Adão Oliveira, colunista do Jornal do Comércio, na edição de 19, 20 e 21 de fevereiro de 2010. Não conheço o perfil ideológico do articulista, mas os aplausos ou críticas devem ser dirigidos ao mesmo.
“Paulo Octávio Alves Pereira, 60 anos, mineiro escolheu Brasília para morar em 1975. Lá começou a vida como corretor de imóveis. Simpático, articulado, o jovem Paulo Octávio conseguiu se infiltrar na corte brasiliense a partir de um relacionamento que teve com a filha do almirante Maximiano da Fonseca, ministro da Marinha do governo João Figueiredo. Usando as “prerrogativas” de genro de ministro militar em plena ditadura, Paulo Octávio, sem dinheiro, mas com muita influência, se associou ao então deputado Sérgio Naya – aquele que construiu o edifício residencial Palace II que desabou em fevereiro de 1998, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro – para levantar o hotel St. Paul, no setor hoteleiro sul, em Brasília.
A partir daí a vida lhe sorriu. A MARINHA, comandada por seu sogro, adquiriu 40 dos 272 apartamentos. Puro tráfico de influência. Simultaneamente ao fim do poder de seu sogro ministro terminou o casamento de Paulo Octávio.
Com o advento da “Nova república” os ventos da democracia resgataram a imagem de Juscelino Kubistcheck, o presidente que construiu Brasília. Márcia, a herdeira política de Juscelino, voltou para Brasília com sua filha Anna Cristina. Paulo Octávio se aproximou e “bingo”. Casou com a filha de Márcia e neta de Juscelino. “Puro oportunismo” era o comentário que mais se ouvia na cidade. Como “neto” do fundador da cidade o empresário Paulo Octávio foi crescendo, crescendo...
Hoje o grupo de empresas de Paulo Octávio soma 38 mil imóveis entregues no DF, num total de 2,7 milhões de metros construídos: shoppings, hotéis e o condomínio residencial Península, em Águas Claras, que significa um investimento de R$ 1,2 bilhão.
Com muita grana elegeu-se duas vezes deputado federal (1990 e 1998), senador e depois vice-governador no primeiro turno das eleições de 2006 na chapa de José Roberto Arruda, do Demo. Segundo depoimento prestado ao Ministério Público pelo ex secretário do governo do DF Durval Barbosa, o vice-governador, dono de um patrimônio milionário, também recebeu propina. Desde o dia 11 de fevereiro Paulo Octávio Alves Pereira é governador interino do Distrito Federal. Ele está com os dias contados.
Prosperaria o senhor Paulo Otávio se não fosse genro de Ministro? Seria eleito se não fosse genro de almirante? Seria rico se não fosse protegido de Ministro? O tráfico de influência existe em todas as administrações e aos que acumulam patrimônios escorados no poder está garantida a simpatia da sociedade ou pelo menos da maioria desta.
## Lembram do Ireno Jobim? O mesmo do calçamento da Rua Wolmer Porciúncula do Bom Fim está inconformado porque passou o ano e nada. Nem encascalhamento e muito menos calçamento. Agora ele ameaça: Rossano, troquei de lado/ Pra nossa rua calçar/ estou sendo criticado/ pretendo te abandonar. Tu fizeste uma promessa/ tal qual o outro, falhou. Mentiras, ouvimos à beça/ igual ao outro ficou. Estamos no abandono/ Sem ter a quem apelar/ perdemos noites de sono/ não dá mais pra acreditar. Ireno, quem sabe o calçamento da Wolmer Porciúncula não será tua homenagem póstuma? Pela disposição do executivo terás de viver mais de cem anos para ver atendida a reivindicação dos moradores. É o que dá eleger sempre os mesmos.
Até enquanto a censura não me cortar, novamente. (bmacedo46@brturbo.com.br)

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