segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

QUE O POVO FAÇA SUA ARTE

A prisão do Arruda entusiasmou muita gente como se ela por si só acabasse com a impunidade no Brasil. Na justiça sempre acreditei, não acredito nas reais intenções do povo brasileiro. Esse político há muito tempo demonstrou que não tem caráter, dignidade e muito menos ética no trato da coisa pública haja vista que num passado não muito distante renunciou ao mandato eletivo que detinha para não perdê-lo através da cassação.
O que fez a grande parcela do povo de Brasília? Deu-lhe um mandato maior. E o Arruda como era esperado e sabido aprontou outra vez. Não é só em Brasília que acontece esse fenômeno. A Justiça condena, os Tribunais opinam pela cassação e na maioria das vezes os senhores vereadores absolvem e relativa parcela do eleitorado continua votando nos condenados por mau uso do dinheiro público.
São Gabriel já viveu em tempos atrás situação semelhante e o administrador condenado continua desfrutando de um prestígio político inabalável e diversas vezes reconduzido ao posto máximo do município.
Ora, não venham criticar os Tribunais, os Magistrados, o Judiciário e responsabilizá-los pela impunidade que impera no Brasil. Essa impunidade existe porque a maioria dos brasileiros a patrocina.
O Judiciário está fazendo a sua parte. Pediu a prisão do Arruda, negou-lhe o Hábeas Corpus, mas e o julgamento do mérito como será? E os outros quando serão responsabilizados? Vamos com calma.
Por que o povo, em sua maioria, gosta desse tipo de político? Será que o eleitor se enxerga nele? Ou o eleitor é mais desonesto que ele?
Não se pode com parar o ladrão eleito com um ladrão qualquer. O primeiro é escolhido livremente pela maioria dos eleitores enquanto o segundo é produto somente da própria vontade. O primeiro reconhecido e sabidamente ladrão recebe um mandato de terceiros, os eleitores, enquanto o segundo se outorga um mandato. São situações completamente diferentes.
A impunidade só diminuirá quando a sociedade punir, constranger os faltosos. É a censura da maioria que faz o homem se regenerar. Os aplausos de praxe quando a canalhice é chamada de jogo de cintura, o mentiroso de esperto e o ladrão de vivo estão instalando o caos e consagrando a safadeza.
Continuo pensando de que não é suficiente a ação do Judiciário para acabar com a impunidade enquanto o povo não mudar seu comportamento e principalmente votar com maior RESPONSABILIDADE. O povo sabe votar, vota mal porque quer. O que leva um eleitor inteligente com formação acadêmica, votar e ajudar a eleger um candidato sabendo ser o mesmo debiloide? Saber votar ele sabe, vota mal conscientemente. Depois a justificativa fajuta e cretina: a mãe dele pediu e como é minha amiga eu acabei votando. Outros dizem, mas é meu parente. E de voto em voto desse tipo os eleitores acabam entupindo os parlamentos e os executivos de gente mal preparada e muitas vezes mal intencionada.
É por isso que a simples prisão do Arruda não me entusiasma porque no fundo ela protegerá muitos outros (as) que deveriam seguir o mesmo caminho, o da cadeia.
O esforço da justiça será inútil se os eleitores continuarem prestigiando os piores.
Até enquanto a censura não me cortar, novamente. (bmacedo46@brturbo.com.br)

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