quinta-feira, 2 de julho de 2009

PAIS MAUS

BERECI DA ROCHA MACEDO
Este texto transcrito, foi publicado recentemente por ocasião da morte estúpida de duas jovens, ambas de 16 anos, em PE, depois de 13 dias desaparecidas. As mães revelaram desconhecer os proprietários da casa onde as filhas tinham ido curtir o fim de semana.
PAIS MAUS
(Carlos Hecktheuer, médico psiquiatra)
“Um dia, quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes: - Eu vos amei o suficiente para lhes ter perguntado aonde iam, com quem iam e a que horas regressariam...” – Eu vos amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e ter feito com que vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia. – Eu vos amei o suficiente para lhes ter feito pagar rebuçados que tiraram do supermercado ou pelas revistas do jornaleiro, e dizerem ao dono: “Nós tiramos isto ontem e queríamos pagar.” – Eu vos amei o suficiente para ter ficado em pé junto de vocês, duas horas, enquanto limpavam seus quartos, tarefa que eu teria feito em 15 minutos. – Eu vos amei o suficiente para lhes deixar ver, além do amor que eu sentia por vocês, o desapontamento e, também as lágrimas nos meus olhos. – Eu vos amei o suficiente para lhes deixar assumir a responsabilidade das suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que partiam o coração. – Mais do que tudo, eu vos amei o suficiente para lhes dizer NÃO quando eu sabia que vocês podiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram).
Estas foram as mais difíceis batalhas travadas.
Estou contente. Venci... Porque, no final, vocês venceram também!
E, qualquer dia, quando meus netos forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães e lhes perguntarem se os seus pais eram maus, vocês vão lhes dizer: “Sim, os nossos pais eram maus, eram os piores do mundo”...

As outras crianças comiam doces no café, nós tínhamos que comer cereais, ovos, torradas. As outras crianças bebiam refrigerantes, comiam batatas fritas e sorvetes no almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. Nossos pais tinham que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles. “Insistiam que lhes disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos apenas uma hora ou menos”. Nossos pais insistiam conosco para que lhes disséssemos sempre a verdade e, simplesmente, apenas a verdade. E quando éramos adolescentes eles conseguiam ler até os nossos pensamentos. Nossa vida era mesmo chata!
“Nossos pais não deixavam os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos, tinham que descer do carro, bater à porta, para que os conhecessem. Enquanto todos podiam voltar tarde da noite com 12 anos, tivemos que esperar os 16 para chegar um pouco mais tarde e aqueles chatos levantavam para saber se a festa tinha sido boa”... “(só para verem como estávamos ao voltar)”
“Por causa dos nossos pais, perdemos imensas experiências na adolescência”.
“Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime”.
“FOI TUDO POR CAUSA DOS NOSSOS PAIS”
“Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o melhor para sermos “PAIS MAUS”, como eles foram”.

## Espero que esta contribuição leve todos os leitores a momentos de profunda reflexão. Podemos fazer coisas melhores, basta querer. Obrigado pela companhia em 2008 e o Ano Novo de 2009 será melhor ou pior dependendo do comportamento da grande maioria. Felicidades.

## O prefeito Baltazar termina seu mandato, mas faz escola. O novo prefeito também é adepto de santo, porém devido ao Mercosul é devoto de San Izidro.
Até enquanto a censura não me cortar, de novo.

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