Por Renan Antunes de
Oliveira
Postado em 11 jul 2016 por: Diário do Centro do Mundo.
Castilho disse que a PF foi
modernizada na Era Lula e cresceu muito. “Ganhamos verbas, carros, tudo, mas o
foco eram prefeitinhos e pequenos casos regionais”, lamentou.
Ele acredita que “por muito tempo a
maior operação da PF foi a cortina de fumaça, qualquer coisa que não chegasse
ao núcleo do poder”.
Castilho acha que “no governo FHC
não havia interesse em ir fundo, porque era um governo corrupto. Depois, a PF
modernizada foi atrás dos prefeitinhos. Só agora é que o foco está em derrubar
o núcleo do poder, seja de que partido for”.
Ele admite que “mês mo assim o que
se vê é uma mira certeira em partidos de esquerda e outros que deram
sustentação a um governo de centro-esquerda”.
Castilho
se sente orgulhoso de ter contribuído no combate contra a corrupção. Ensina às
novas gerações de delegados que “dinheiro não some, alguém fica com ele” e que
o caminho é “sempre seguir a trilha”.
O delegado disse que fez sua parte
“deixando uma longa lista de criminosos de colarinho branco que continua em
ação, mas que já foram identificados. Está tudo num arquivo digital na Divisão
de Ações contra Ilícitos Financeiros, que deixei lá”. Segundo ele “ali está o
mapa da corrupção, estranhamente abandonado”.
Com sua experiência, sabe que seria
mais útil se pudesse voltar ao núcleo de elite da PF.
Aceita, no entanto, o destino:
“Minha rotina é perigosa, mas é a mesma de muitos policiais. Acordo cedo, boto
uma pistola na cintura e saio com minha equipe para caçar traficantes.Alguém
tem que fazer esse trabalho”.
Procurador Celso Três: “Conspiração da Justiça derrubou Dilma”.
O procurador
federal Celso Antonio Três (55), membro do grupo anticorrupção do MPF, é um
crítico da Lava Jato: “Janot (Rodrigo, procurador geral) e Sérgio Moro fizeram
uma conspiração da Justiça contra a política para dar o golpe que derrubou a
Presidente Dilma”.
Ele
fala com a autoridade de ter sido o primeiro procurador federal a seguir a
trilha de volumosa quantia de dinheiro desviado do Brasil para o exterior – o
Escândalo do Banestado em 2003. Um trabalho de investigação monumental, sem os
recursos que o MPF tem hoje.
Em
entrevista ao DCM o procurador afirmou que “é inconcebível essa intromissão da
Justiça na política. É evidente que o que vai ficar na história não é essa
coisa ridícula da pedalada fiscal, mas sim a existência de uma conspiração. A
divulgação da gravação da conversa Dilma-Lula foi uma ilegalidade, e isto é
inaceitável vindo de um juiz.
Celso
critica, também, a prisão do senador Delcídio Amaral. “A Constituição é clara
quando diz que um senador só pode ser preso em flagrante delito e por crime
inafiançável”.
Para
o procurador “se houve alguma transgressão foi da própria Justiça, que cometeu
um crime de hermenêutica” (interpretação da lei) – esta é a palavra usada de
forma irônica dos juristas para criticar o sistema: “Eles foram torcendo a lei
até achar um jeito de enquadrá-lo e forçar a delação”.
Assinalou
que “outra coisa grave é querer condenar políticos por receber doações legais.
Se está na lei, não é vantagem indevida. Esta história de que um parlamentar
pode ser condenado se o dinheiro veio de um desvio (no caso da Petrobrás) é
bobagem, porque se precisa provar que ele tenha participado da origem do
desvio”.
Celso
Três fala com a experiência de ter sido entre 1996 e 2003 o nome mais
importante do MPF, por sua atuação firme e corajosa no Caso Banestado.
Com
base na atuação dele o MPF passou a criar grupos especializados em crimes
financeiros. O Judiciário também criou varas idênticas, sendo a primeira delas
a do juiz Sérgio Moro. Banestado, Mensalão e Petrolão se ligam muito porque
muitos dos procuradores e o juiz Sérgio Moro trabalharam em todos eles. (continua na próxima edição)
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