O DCM joga novas luzes sobre o escândalo do BANESTADO.
Por Renan Antunes de Oliveira
Postado em 11 jul 2016.
II
Delegado
Castilho: “Lava jato vai pegar Renan, Jucá, Cunha e Temer”.
“Tenho convicção que a Lava Jato pegará Renan
(Calheiros, presidente do Senado), Jucá (Romero, senador), Cunha (presidente
afastado da Câmara) e a até o Temer (Michel, presidente da República)”, disse o
delegado federal José Castilho Neto, 56, em entrevista ao DCM.
Castilho é referência dentro da PF. Tem fama de
competente e incorruptível.
Está na geladeira desde que conduziu o inquérito do
Escândalo do Banestado, no governo tucano de FHC – rombo de 124 bilhões de
dólares que bota mensalão e Petrolão no chinelo.
Castilho diz que “a Lava Jato não está atrás de petistas,
como parece. Ela busca atingir a corrupção no núcleo do poder da República,
agora é a vez de ir atrás dos outros”.
Acredita nisso “porque é a PF e o MPF que estão
comandando a luta contra a corrupção, o juiz Sérgio Moro só se manifesta com
base nas ações e pedidos das duas instituições”.
Castilho está na geladeira da PF desde 2003, quando
esteve no auge, na transição de FHC para Lula. O posto dele em Joinville é
considerado menor. “É o meu exílio profissional”.
Ele acredita que foi posto lá porque “denunciei na TV
o envolvimento de gente da cúpula do governo FHC no caso Banestado”. Castilho
afirma que “a linha divisória entre a impunidade da classe dominante e período
de vigência da lei foi o caso Banestado”.
Ele é considerado precursor no uso no uso das técnicas
de investigação adotadas pelas equipes da PF. Castilho já tinha trabalhado com
o juiz Sérgio Moro no Banestado, onde rastreou contas internacionais de
empresários e políticos. Foi o primeiro a prender o doleiro Alberto Youssef, o
delator zero do Petrolão.
Castilho revela mágoas por ter sido afastado na
transição do governo FHC para Lula “pela panelinha que comanda a PF”, mas acha
que a vida é assim, “é a dinâmica do poder”.
Ele atribui sua queda e exílio em Joinville (depois de
outros postos menores ainda) porque “fiz a denúncia pública dos nomes de gente
poderosa cujas contas no exterior foram
reveladas, entre eles Jorge Bornhausen, José Serra, Sérgio Motta e do operador
de FHC, Ricardo Oliveira”.
Castilho lembra que estava em Nova York trabalhando no
rastreamento quando foi chamado de volta e afastado da operação. Foi
quando ele procurou a mídia para fazer
as denúncias.
Encontrou um paredão, porque entre as empresas que
usaram o recurso ilegal de enviar dólares para o exterior estavam Rede Globo,
Editora Abril, RBS e Correio Braziliense.
Seu momento de glória foi fazer a denúncia na Record,
num programa nas altas horas, audiência quase zero – digite o nome do delegado
e veja no You Tube. Em 2003, o caso Banestado rendeu uma CPI que deu em pizza.
Castilho foi a estrela dela, levando um livrão verde
com a lista dos nomes de 3 mil pessoas com contas em dólar no esquema, entre
mandantes e laranjas. Ele brandiu o livro no ar no plenário da Câmara, sem
sucesso: “Havia gente poderosa envolvida, tinha gente lá de dentro, é claro que
iriam abafar e foi o que fizeram”.
Ele diz que no início do governo Lula foi trazido de
volta ao lado bom da carreira por iniciativa de José Dirceu. “Mal eu comecei a
mexer, fui outra vez afastado, definitivamente”. Castilho sorri quando explica
sua versão: “Acharam que eu era petista, mas não sou nada. Sou contra a
corrupção. Acho que o pessoal do PT aprendeu como se fazia no Banestado e
preferiu não mexer no esquema”.
O Banestado sumiu da mídia quando começou o Mensalão.
E o Petrolão substituiu o Mensalão.
Castilho diz acreditar que “o pessoal (da PF) que hoje
atua na lava Jato é movido não por sua preferência política, como muitos
acreditam, porque cada um tem a sua, mas sim por uma imensa vaidade. É a mídia,
é querer aparecer, estar na vanguarda, tudo pura vaidade”.
Para Castilho o episódio em que Moro jogou no ar a
gravação do tchau querida “foi um erro”. Aí, pensou um pouco e elaborou uma
frase mais light: “muito antes de eventuais desvios (do juiz) há um mar de
descumprimentos legais”. (Segue na próxima
edição).
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