sexta-feira, 18 de novembro de 2016

O DCM Joga ... II


O DCM joga novas luzes sobre o escândalo do BANESTADO.
Por Renan Antunes de Oliveira
Postado em 11 jul 2016.
II
Delegado Castilho: “Lava jato vai pegar Renan, Jucá, Cunha e Temer”.
“Tenho convicção que a Lava Jato pegará Renan (Calheiros, presidente do Senado), Jucá (Romero, senador), Cunha (presidente afastado da Câmara) e a até o Temer (Michel, presidente da República)”, disse o delegado federal José Castilho Neto, 56, em entrevista ao DCM.
Castilho é referência dentro da PF. Tem fama de competente e incorruptível.
Está na geladeira desde que conduziu o inquérito do Escândalo do Banestado, no governo tucano de FHC – rombo de 124 bilhões de dólares que bota mensalão e Petrolão no chinelo.
Castilho diz que “a Lava Jato não está atrás de petistas, como parece. Ela busca atingir a corrupção no núcleo do poder da República, agora é a vez de ir atrás dos outros”.
Acredita nisso “porque é a PF e o MPF que estão comandando a luta contra a corrupção, o juiz Sérgio Moro só se manifesta com base nas ações e pedidos das duas instituições”.
Castilho está na geladeira da PF desde 2003, quando esteve no auge, na transição de FHC para Lula. O posto dele em Joinville é considerado menor. “É o meu exílio profissional”.
Ele acredita que foi posto lá porque “denunciei na TV o envolvimento de gente da cúpula do governo FHC no caso Banestado”. Castilho afirma que “a linha divisória entre a impunidade da classe dominante e período de vigência da lei foi o caso Banestado”.
Ele é considerado precursor no uso no uso das técnicas de investigação adotadas pelas equipes da PF. Castilho já tinha trabalhado com o juiz Sérgio Moro no Banestado, onde rastreou contas internacionais de empresários e políticos. Foi o primeiro a prender o doleiro Alberto Youssef, o delator zero do Petrolão.
Castilho revela mágoas por ter sido afastado na transição do governo FHC para Lula “pela panelinha que comanda a PF”, mas acha que a vida é assim, “é a dinâmica do poder”.
Ele atribui sua queda e exílio em Joinville (depois de outros postos menores ainda) porque “fiz a denúncia pública dos nomes de gente poderosa  cujas contas no exterior foram reveladas, entre eles Jorge Bornhausen, José Serra, Sérgio Motta e do operador de FHC, Ricardo Oliveira”.
Castilho lembra que estava em Nova York trabalhando no rastreamento quando foi chamado de volta e afastado da operação. Foi quando  ele procurou a mídia para fazer as denúncias.
Encontrou um paredão, porque entre as empresas que usaram o recurso ilegal de enviar dólares para o exterior estavam Rede Globo, Editora Abril, RBS e Correio Braziliense.
Seu momento de glória foi fazer a denúncia na Record, num programa nas altas horas, audiência quase zero – digite o nome do delegado e veja no You Tube. Em 2003, o caso Banestado rendeu uma CPI que deu em pizza.
Castilho foi a estrela dela, levando um livrão verde com a lista dos nomes de 3 mil pessoas com contas em dólar no esquema, entre mandantes e laranjas. Ele brandiu o livro no ar no plenário da Câmara, sem sucesso: “Havia gente poderosa envolvida, tinha gente lá de dentro, é claro que iriam abafar e foi o que fizeram”.
Ele diz que no início do governo Lula foi trazido de volta ao lado bom da carreira por iniciativa de José Dirceu. “Mal eu comecei a mexer, fui outra vez afastado, definitivamente”. Castilho sorri quando explica sua versão: “Acharam que eu era petista, mas não sou nada. Sou contra a corrupção. Acho que o pessoal do PT aprendeu como se fazia no Banestado e preferiu não mexer no esquema”.
O Banestado sumiu da mídia quando começou o Mensalão. E o Petrolão substituiu o Mensalão.
Castilho diz acreditar que “o pessoal (da PF) que hoje atua na lava Jato é movido não por sua preferência política, como muitos acreditam, porque cada um tem a sua, mas sim por uma imensa vaidade. É a mídia, é querer aparecer, estar na vanguarda, tudo pura vaidade”.
Para Castilho o episódio em que Moro jogou no ar a gravação do tchau querida “foi um erro”. Aí, pensou um pouco e elaborou uma frase mais light: “muito antes de eventuais desvios (do juiz) há um mar de descumprimentos legais”. (Segue na próxima edição).

           


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