sexta-feira, 8 de novembro de 2013

QUEM TEM MEDO DA SUA BIOGRAFIA?


 

 

            Eu não tenho, mas muita gente tem. Existe um projeto de lei tramitando na Câmara Federal, acredito que ainda não foi votado, pedindo a inconstitucionalidade dos artigos 20 e 21 do Código Civil por estarem em desacordo com a Constituição Federal nos seu artigo 5º, IX e X. Vamos ver o que dizem uns e outros:

            A Constituição Federal no seu artigo 5º diz: IX é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença; X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

            Por sua vez o Código Civil diz em seu artigo 20: Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.

            Parágrafo único – Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

            Diz o artigo 21 – A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

            Pelo exposto não precisa ser um talento em direito para notar que há, deveras, nos citados artigos do Código Civil flagrante conflito com o que prega a CF.

            Quem teme a própria biografia? Os hipócritas que pagam para divulgar o seu lado bom, mas que também pagam para esconder suas taras, seus defeitos e muitas vezes os crimes que cometem.

            A vida me ensinou e depois que aprendo ninguém me tira os ensinamentos recebidos. Só que me tirem do mundo dos vivos.

            Escrevo há muitos anos, conheço o meu povo e sei daqueles que sobem aos céus quando são elogiados, mas que se transformam em raivosos quando mesmo justamente são criticados. Para tecer falsos elogios as biografias não precisam de autorização, mas para mostrar defeitos verdadeiros há que existir a censura.

            Sei que sou repetitivo quando escrevo que não gosto de viajar, mas conheço todas as camadas da sociedade, pois convivi com Senadores, Governadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Prefeitos, Vereadores, Vigaristas, Jogadores, Prostitutas, Professores Universitários, Comunicadores de Jornais Rádios e Televisão, Empresários, Advogados, Médicos, Bêbados, Drogados, freqüentei Clubes Sociais de todos os níveis, Palácios, Mansões, Barracos, Favelas, tenho círculos na Capital do Estado, em outras cidades e por isso estou autorizado a escrever que poucos conhecem da alma humana como eu. Não tenho formação acadêmica, mas estudo muito. Sou um autodidata (que aprende por si).

            A grande diferença que existe é a de que nunca usei minhas amizades e os meus conhecimentos para tirar proveito, nem do Senador e nem da Prostituta e entre uma fotografia com o primeiro para estampar nas páginas dos jornais e mentir que é meu amigo, prefiro tirar a fotografia com a segunda que é muito mais autêntica do que aquele.

            As biografias devem ser liberadas, pois o biografado que quer censurar o biógrafo é porque não merece o verdadeiro destaque, nem na vida e nem na morte, guardadas sempre as exceções.

            Os que nada tem escondido devem se orgulhar da lembrança para uma biografia, desde que verdadeira. A censura é própria dos covardes que preferem a escuridão para viver o seu verdadeiro EU e dar vazão a suas macabras taras.

          

             

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