sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

OMISSÃO DE QUEM?


 

 

            GILBERTO JASPER – JC. 11 e 12 de fevereiro de 2013. Fui a Santa Maria no dia seguinte da tragédia por absoluta obrigação profissional. Não sei quantas pessoas morreram. Os números mudam a cada dia. Aliás, a exploração emocional patrocinada por parte da chamada “grande imprensa” choca, deveria motivar debates, análises sérias, mas isso nunca acontece. Nós, comunicadores, nos sentimos ofendidos quando somos questionados, imagina quando somos criticados. A omissão, todavia, está no fulcro desta barbaridade anunciada.  Não apenas das autoridades ou de pessoas investidas de poder temporário, mas de todos nós.

            A maioria dos pais sequer sabe quais os lugares que seus filhos freqüentam ao sair à noite.  Aqui fala o pai de um casal de 17 e 18 anos. Minha filha é festeira, sai todos os fins de semana. Conheço dois ou três lugares onde ela se diverte com as amigas. Outro dia, indaguei sobre as condições de outros locais – tamanho, localização, saídas de emergência. E fiquei preocupado com o que ouvi.

            Ao lado do edifício em que resido, em Porto Alegre, uma casa de festas funciona há dois anos sem alvará algum. O barulho é ensurdecedor até às 3h ou 4h da madrugada. O local destinado à dança é recoberto por uma espécie de lona plástica. Segurança zero. Apelei a diversas secretarias e até ao prefeito, sem sucesso.

            Antes e durante minha luta – que continua junto à Brigada Militar, Bombeiros, Ministério Público e Justiça – busquei apoio dos meus vizinhos. Todos admitiram a “perturbação do sossego alheio”, como diz o boletim de ocorrências lavrado pela Brigada Militar junto à 8ª. Delegacia de Polícia. Ninguém, porém, aceitou subscrever o abaixo-assinado, muito menos prestar depoimento. (O grifo é meu).

                No trânsito acontece o mesmo. Malucos de toda ordem – psicopatas, alcoólatras, assassinos e irresponsáveis se multiplicam. Todos pedem mais fiscalização, mas o clamor se esvai na primeira barreira, embora se trate de uma operação vital para o flagrante de ladrões, traficantes e marginais diversos.

            O morticínio de Santa Maria tem muitos culpados, mas a omissão disseminada em todos os segmentos da sociedade mostrou sua face mais dura. Tecemos loas aos países em que a lei é respeitada. Aliás, se fosse pelas leis, o Brasil seria igual à Suíça.

            A inobservância da lei está no cerne de muitos flagelos. É impossível sustentar um contingente de fiscais capaz de atender às necessidades. Em seu lugar deve funcionar a consciência cidadã, que deveria habitar todos nós. (Jornalista).

            Não preciso acrescentar mais nada, pois os que me acompanham sabem que sou repetitivo quando afirmo que o maior pecado da sociedade é a omissão.

            ### Dificilmente uso o transporte coletivo urbano em São Gabriel ou em outra cidade qualquer, mas os usuários de São Gabriel reclamam da anarquia que está instalada nos horários dos coletivos. Seria bom a Prefeitura dar uma olhada nisso.

           

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