GILBERTO JASPER – JC. 11 e 12 de fevereiro de 2013. Fui
a Santa Maria no dia seguinte da tragédia por absoluta obrigação profissional.
Não sei quantas pessoas morreram. Os números mudam a cada dia. Aliás, a
exploração emocional patrocinada por parte da chamada “grande imprensa” choca,
deveria motivar debates, análises sérias, mas isso nunca acontece. Nós,
comunicadores, nos sentimos ofendidos quando somos questionados, imagina quando
somos criticados. A omissão, todavia, está no fulcro desta barbaridade
anunciada. Não apenas das autoridades ou
de pessoas investidas de poder temporário, mas de todos nós.
A
maioria dos pais sequer sabe quais os lugares que seus filhos freqüentam ao
sair à noite. Aqui fala o pai de um casal
de 17 e 18 anos. Minha filha é festeira, sai todos os fins de semana. Conheço
dois ou três lugares onde ela se diverte com as amigas. Outro dia, indaguei
sobre as condições de outros locais – tamanho, localização, saídas de
emergência. E fiquei preocupado com o que ouvi.
Ao
lado do edifício em que resido, em Porto Alegre , uma casa de festas funciona há dois
anos sem alvará algum. O barulho é ensurdecedor até às 3h ou 4h da madrugada. O
local destinado à dança é recoberto por uma espécie de lona plástica. Segurança
zero. Apelei a diversas secretarias e até ao prefeito, sem sucesso.
Antes
e durante minha luta – que continua junto à Brigada Militar, Bombeiros,
Ministério Público e Justiça – busquei apoio dos meus vizinhos. Todos admitiram
a “perturbação do sossego alheio”, como diz o boletim de ocorrências lavrado
pela Brigada Militar junto à 8ª. Delegacia de Polícia. Ninguém, porém, aceitou
subscrever o abaixo-assinado, muito menos prestar depoimento. (O grifo é meu).
No trânsito acontece o
mesmo. Malucos de toda ordem – psicopatas, alcoólatras, assassinos e
irresponsáveis se multiplicam. Todos pedem mais fiscalização, mas o clamor se
esvai na primeira barreira, embora se trate de uma operação vital para o
flagrante de ladrões, traficantes e marginais diversos.
O
morticínio de Santa Maria tem muitos culpados, mas a omissão disseminada em
todos os segmentos da sociedade mostrou sua face mais dura. Tecemos loas aos
países em que a lei é respeitada. Aliás, se fosse pelas leis, o Brasil seria
igual à Suíça.
A
inobservância da lei está no cerne de muitos flagelos. É impossível sustentar
um contingente de fiscais capaz de atender às necessidades. Em seu lugar deve
funcionar a consciência cidadã, que deveria habitar todos nós. (Jornalista).
Não
preciso acrescentar mais nada, pois os que me acompanham sabem que sou
repetitivo quando afirmo que o maior pecado da sociedade é a omissão.
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Dificilmente uso o transporte coletivo urbano em São Gabriel ou em outra
cidade qualquer, mas os usuários de São Gabriel reclamam da anarquia que está
instalada nos horários dos coletivos. Seria bom a Prefeitura dar uma olhada
nisso.
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