Chega
a impressionar o número de pessoas que irresponsavelmente sai à procura de
culpados após o acontecimento de qualquer tragédia. Isso não é novidade para
ninguém, pois ela nos ronda a todo o momento, mas nunca temos tempo, interesse
ou atenção para prevê-la. Independente dos atingidos entendo que a inteligência
humana é muito pequena para explicá-la e entender os porquês de atingir uns e
preservar outros. O mais fácil é nomear um culpado; uns dizem que é Deus e a maioria dentro da emotividade e passionalidade
do momento culpa as autoridades, as leis ou quem as elabora, os próprios
mortos, os pais, o dono, o conjunto musical, etc.
Aqueles que me
honram com a leitura do que escrevo sabem que há muito tempo combato essa cruel
sociedade de consumo que enxerga a pessoa humana simplesmente como um
consumidor em potencial, a ganância pelo lucro fácil e defendo o respeito à lei
pela convicção de cada um e não por medo da punição ao transgredi-la.
Pois
bem, após cada tragédia todos, com raras exceções, acusam as autoridades da não
fiscalização ou da frouxidão das leis, mas prestem atenção “os todos” que após a tragédia reclamam maior rigor da Lei são os
mesmos que antes da tragédia reclamam da burocracia e das exigências legais argumentando
que o rigorismo prejudica a produção e inibe geração de trabalho e renda.
Grande parcela dos que trabalham nos veículos
de comunicação quer agradar quando o certo é esclarecer. Esclarecer traz
antipatias, agradar e elogiar traz simpatias mesmo que os elogios sejam falsos
e não merecidos.
Com
todo o respeito, li muitos absurdos escritos por pessoas que usam seus espaços
na mídia para combater as normas legais, porém depois da tragédia que atingiu
inúmeras famílias se transformaram em defensores de leis rigorosas e punições
exemplares aos faltosos desde que não lhes atinjam quando erram.
Somos
uma sociedade omissa quanto à obrigação de denunciar, com embasamento, as
coisas erradas, exceto quando a denúncia nos beneficia individualmente.
Participo da minha cidade e pela profissão que desempenho posso avaliar o
quanto a pessoa humana detesta a disciplina e a obediência às leis.
A
maioria que freqüenta Praça Fernando Abbott reclama de meia dúzia de proprietários
de automóveis com potentes equipamentos de som que fazem competição para ver
qual é o melhor desrespeitando os que vão à busca do lazer. E as providências
tardam, tardam, tardam... À espera do que?
Outros
reclamam da iminência de acidente devido ao estrado colocado na frente do TIMM
Bar. Conheço seus proprietários e se assim o fizeram é porque têm a devida
licença do poder constituído. Não seria melhor solução proceder como no
calçadão, fechar o trânsito de veículos à noite? E não são só esses os problemas, existem outros que poderão explodir
a qualquer momento, mas poucos percebem e como a solução é antipática nem a
administração pública a toma. Olhem para os lados e verão. Esperar que aconteça
a tragédia definitivamente não é o ideal.
Para
todo o problema existe a devida solução. Encontrá-la suficientemente justa que
atenda todas as partes é o ideal, mas precisa vontade para tanto.
O
que resta nestas horas de profunda dor e tristeza é amparar-nos uns nos outros
para amenizar o vazio das nossas perdas porque elas são irreversíveis, mas não
podemos esquecer dos demais que nos querem bem e que continuam fazendo parte do
nosso mundo e merecedores do nosso afeto e da nossa atenção.
E
nestes momentos de fragilidade emocional necessário se faz ter cuidado com os
oportunistas de plantão porque eles estão sempre atentos. Ah se estão...
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