terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O OUTRO LADO


 


            Chega a impressionar o número de pessoas que irresponsavelmente sai à procura de culpados após o acontecimento de qualquer tragédia. Isso não é novidade para ninguém, pois ela nos ronda a todo o momento, mas nunca temos tempo, interesse ou atenção para prevê-la. Independente dos atingidos entendo que a inteligência humana é muito pequena para explicá-la e entender os porquês de atingir uns e preservar outros. O mais fácil é nomear um culpado; uns dizem que é Deus e a maioria dentro da emotividade e passionalidade do momento culpa as autoridades, as leis ou quem as elabora, os próprios mortos, os pais, o dono, o conjunto musical, etc.

            Aqueles que me honram com a leitura do que escrevo sabem que há muito tempo combato essa cruel sociedade de consumo que enxerga a pessoa humana simplesmente como um consumidor em potencial, a ganância pelo lucro fácil e defendo o respeito à lei pela convicção de cada um e não por medo da punição ao transgredi-la.

            Pois bem, após cada tragédia todos, com raras exceções, acusam as autoridades da não fiscalização ou da frouxidão das leis, mas prestem atenção “os todos” que após a tragédia reclamam maior rigor da Lei são os mesmos que antes da tragédia reclamam da burocracia e das exigências legais argumentando que o rigorismo prejudica a produção e inibe geração de trabalho e renda.

             Grande parcela dos que trabalham nos veículos de comunicação quer agradar quando o certo é esclarecer. Esclarecer traz antipatias, agradar e elogiar traz simpatias mesmo que os elogios sejam falsos e não merecidos.

            Com todo o respeito, li muitos absurdos escritos por pessoas que usam seus espaços na mídia para combater as normas legais, porém depois da tragédia que atingiu inúmeras famílias se transformaram em defensores de leis rigorosas e punições exemplares aos faltosos desde que não lhes atinjam quando erram.

            Somos uma sociedade omissa quanto à obrigação de denunciar, com embasamento, as coisas erradas, exceto quando a denúncia nos beneficia individualmente. Participo da minha cidade e pela profissão que desempenho posso avaliar o quanto a pessoa humana detesta a disciplina e a obediência às leis.

            A maioria que freqüenta Praça Fernando Abbott reclama de meia dúzia de proprietários de automóveis com potentes equipamentos de som que fazem competição para ver qual é o melhor desrespeitando os que vão à busca do lazer. E as providências tardam, tardam, tardam... À espera do que?

            Outros reclamam da iminência de acidente devido ao estrado colocado na frente do TIMM Bar. Conheço seus proprietários e se assim o fizeram é porque têm a devida licença do poder constituído. Não seria melhor solução proceder como no calçadão, fechar o trânsito de veículos à noite?  E não são só esses os problemas, existem outros que poderão explodir a qualquer momento, mas poucos percebem e como a solução é antipática nem a administração pública a toma. Olhem para os lados e verão. Esperar que aconteça a tragédia definitivamente não é o ideal.

            Para todo o problema existe a devida solução. Encontrá-la suficientemente justa que atenda todas as partes é o ideal, mas precisa vontade para tanto.

            O que resta nestas horas de profunda dor e tristeza é amparar-nos uns nos outros para amenizar o vazio das nossas perdas porque elas são irreversíveis, mas não podemos esquecer dos demais que nos querem bem e que continuam fazendo parte do nosso mundo e merecedores do nosso afeto e da nossa atenção.

            E nestes momentos de fragilidade emocional necessário se faz ter cuidado com os oportunistas de plantão porque eles estão sempre atentos. Ah se estão...

           

           

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