sexta-feira, 2 de outubro de 2015

TENHO ORGULHO DE SER HONESTO



            Rui Barbosa morreu em 1923, mas antes de morrer escreveu: “Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro”!
            “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
            Não tenho vergonha de mim porque combato as nulidades, luto em defesa da honra, da justiça, tento, de todas as maneiras, retirar o poder das mãos dos maus, não desanimo da virtude, não rio da honra e não tenho vergonha de ser honesto.
            E não tenho nenhuma pena do povo brasileiro porque ele é o responsável pela anarquia reinante neste País tão rico, tão belo e tão mal amado.
            Os escritos de Rui Barbosa convidam qualquer pessoa lúcida a uma profunda meditação, pois é preciso considerar que ele viveu no período entre 1849 e 1923. Mas, analisando seu teor parece que é um convite ao desânimo e a renúncia dos princípios cardeais que devem nortear os rumos da pessoa humana.
            Desde novo leio, entre tantos outros autores, Rui Barbosa porque seu brilhantismo é coisa rara e sua cultura um marco que enriquece o Brasil e todos aqueles que buscam sabedoria, mesmo sem nenhuma formação acadêmica.
            Tenho duas obras do Rui que me foram presenteadas pela grande amiga, Marília Moreira, companheira de clubes, bares, restaurantes e que também enriqueceu o mundo das letras de São Gabriel com sua inteligência e sua maneira simples de ser.
            O que escreveria Rui Barbosa nos dias de hoje se há l00 (cem) anos atrás o Brasil já era das nulidades, dos maus e dos desonestos?
            Porque ter vergonha de ser honesto se a honestidade é a maior riqueza da pessoa humana? 
            O brilho da luz atrai a mariposa, mas também a mata. Assim também o brilho dos ganhos ilícitos atrai a pessoa humana, mas a torna asquerosa, vazia e solitária.
            Rui sentia pena do povo brasileiro, está escrito.
            Eu? Sinto pena de ti Brasil, cujo povo aplaude as nulidades, admite a desonra, convive pacificamente com as injustiças, transfere o poder para as mãos dos maus, debocha da virtude, despreza a honra e tem vergonha de ser honesto. Ressalvadas as exceções, pois elas existem.
         Sou um homem comum que se orgulha das renúncias que fez em nome da honestidade, da honra, dos princípios morais recebidos dos pais, da ética e do respeito que sempre teve para consigo próprio. Minha vida é um rosário de dificuldades, percorro caminhos ásperos e espinhosos, mas carrego na alma a fé que me conduz e a convicção de que todo aquele que só amealha riquezas terrenas não vive, simplesmente passa sem deixar marcas da sua passagem.
            É comum ouvir do meu povo a seguinte expressão: “Com a sua verdade o senhor não vai a lugar nenhum”. Pois prefiro não ir a lugar algum a abdicar da verdade.
            Embora vivendo em um País onde muitos tenham vergonha de ser honesto, eu insisto em dizer: Não sinto vergonha de mim e tenho orgulho de ser honesto.
      
        
           
           
           
           
           
           


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