Rui
Barbosa morreu em 1923, mas antes de morrer escreveu: “Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro”!
“De tanto ver triunfar
as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a
injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem
chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser
honesto”.
Não tenho vergonha
de mim porque combato as nulidades, luto em defesa da honra, da justiça, tento,
de todas as maneiras, retirar o poder das mãos dos maus, não desanimo da
virtude, não rio da honra e não tenho vergonha
de ser honesto.
E
não tenho nenhuma pena do povo brasileiro porque ele é o responsável pela
anarquia reinante neste País tão rico, tão belo e tão mal amado.
Os
escritos de Rui Barbosa convidam qualquer pessoa lúcida a uma profunda
meditação, pois é preciso considerar que ele viveu no período entre 1849 e
1923. Mas, analisando seu teor parece que é um convite ao desânimo e a renúncia
dos princípios cardeais que devem nortear os rumos da pessoa humana.
Desde
novo leio, entre tantos outros autores, Rui Barbosa porque seu brilhantismo é
coisa rara e sua cultura um marco que enriquece o Brasil e todos aqueles que
buscam sabedoria, mesmo sem nenhuma formação acadêmica.
Tenho
duas obras do Rui que me foram presenteadas pela grande amiga, Marília Moreira,
companheira de clubes, bares, restaurantes e que também enriqueceu o mundo das
letras de São Gabriel com sua inteligência e sua maneira simples de ser.
O
que escreveria Rui Barbosa nos dias de hoje se há l00 (cem) anos atrás o Brasil
já era das nulidades, dos maus e dos desonestos?
Porque
ter vergonha de ser honesto se a honestidade é a maior riqueza da pessoa
humana?
O
brilho da luz atrai a mariposa, mas também a mata. Assim também o brilho dos
ganhos ilícitos atrai a pessoa humana, mas a torna asquerosa, vazia e
solitária.
Rui
sentia pena do povo brasileiro, está escrito.
Eu? Sinto
pena de ti Brasil, cujo povo aplaude as nulidades, admite a desonra, convive
pacificamente com as injustiças, transfere o poder para as mãos dos maus,
debocha da virtude, despreza a honra e tem vergonha de ser honesto. Ressalvadas as exceções, pois elas existem.
Sou um homem comum que se
orgulha das renúncias que fez em nome da honestidade, da honra, dos princípios
morais recebidos dos pais, da ética e do respeito que sempre teve para consigo
próprio. Minha vida é um rosário de dificuldades, percorro caminhos ásperos e
espinhosos, mas carrego na alma a fé que me conduz e a convicção de que todo
aquele que só amealha riquezas terrenas não vive, simplesmente passa sem deixar
marcas da sua passagem.
É
comum ouvir do meu povo a seguinte expressão: “Com a sua verdade o senhor não vai a lugar nenhum”. Pois prefiro
não ir a lugar algum a abdicar da verdade.
Embora
vivendo em um País onde muitos tenham vergonha de ser honesto, eu insisto em
dizer: Não
sinto vergonha de mim e tenho orgulho de ser honesto.
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