sexta-feira, 10 de outubro de 2014

AINDA O CIRCO


 

 

(Tribuna do Povo, 05 de novembro de 1993)         

             Leio no Tribuna do Povo, edição de 20/10/1993, artigo escrito pelo jornalista, Nilo Dias, “O Circo”, onde o mesmo aborda proposição do vereador, Antonio Devair Moreira, “Beka”, de que os circos aqui instalados, embora temporariamente, promovam uma sessão gratuita à população. Impossível. Sendo de graça destruiriam o circo, seria uma tragédia.

            Penso que está na hora dos vereadores se preocuparem com coisas mais sérias. Por exemplo: funcionários municipais que não trabalham; funcionários municipais que estão prestando trabalho em empresas particulares; melhor fiscalização sobre gastos exorbitantes do senhor prefeito (gastos com publicidade), etc.etc. Os vereadores (alguns) gostam muito de coisas gratuitas.

Os empresários do transporte coletivo têm de fornecer passagens de graça; aos aposentados querem isenção do IPTU; querem que São Leopoldo e Novo Hamburgo municípios que produzem, dêem retorno de ICMS para São Gabriel que nada produz por suas administrações incompetentes; querem que os circos promovam sessões gratuitas, etc. E os senhores vereadores trabalham de graça? Os outros têm que dar, os senhores vereadores só recebem. Seria ótimo se os vereadores trabalhassem um (1) mês, somente um (1) mês, gratuitamente para a comunidade.

            Acredito que um vereador ganha pouco em São Gabriel, pois ele emprega todo o seu talento e sua criatividade em um trabalho durante as 24 horas do dia.

            A angustia de esperar o fim do mês absorve tanto nossos edis que eles esquecem de legislar e de fiscalizar o Executivo. Ao cabo de cada trinta (30) dias vão ao Banco conferir o mísero salário, mais ou menos CR$ 200.000,00 (duzentos mil cruzeiros reais). Constatado o depósito, sorriem.

            Tenho consciência de que não sou a pessoa indicada para comentar a remuneração dos vereadores (deveriam receber o dobro), pois, afinal, na última eleição que concorri à câmara municipal (1988) defendi o mandato gratuito e recebi, tão somente, qualificados 78 votos.

            A manchete do momento ou eterna, “corrupção”. Quando fui candidato a deputado federal (1990) em entrevista ao Jornal O Imparcial, nesse tempo ainda me entrevistavam, afirmei que a corrupção no Brasil é um problema social e não policial. As manchetes do momento compravam essa máxima. Ser corrupto é ter status. A maioria por ser corruptora elege os corruptos e depois, descaradamente, exige seriedade.

            Aposto que todos os envolvidos em escândalos se conseguirem ser candidatos serão reeleitos. Os exemplos abundam: O nosso governador foi inocentado no famoso episódio dos terrenos da Prefeitura de Porto Alegre pelo voto do companheiro Romildo Bolzan (voto de minerva), então presidente do TCE. Após isso foi eleito folgadamente.

            Na nossa Apenas Gabrielense foi eleito o candidato cujas contas do primeiro mandato estão, até o presente momento, sob judice.

            Portanto...

            Nada a reclamar.

            Todos têm o direito de escolher seus candidatos, administradores, etc. Só espero que batam no peito e reconheçam: temos um país anarquizado porque gostamos da anarquia.

            O resto é conversa para enganar otário.

            Já estou com nojo (esta é a palavra apropriada) de ouvir todos os dias a expressão: queremos austeridade. Mas em quem votas? No corrupto que me ajuda.

            Esta é a dura realidade.

 

            ### Era assim em 1993 e se mudou foi para pior, pois o resultado soberano das urnas em 2014 comprova que a maioria do eleitorado joga seu voto na sarjeta e continua reclamando da qualidade dos eleitos. Ou não?

           

 

             

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