quarta-feira, 25 de setembro de 2013

QUE POVO É ESTE


 

 

         A grande imprensa deu uma ênfase demasiada aos ditos movimentos de rua, afirmando inclusive que o Brasil iniciava no mês de junho de 2013. Duvidei e duvido. Os protestantes queriam vantagens e a medida que as vão conseguindo logo esquecem seus protestos e vão usufruí-las na intimidade do lar.

            Toda a mídia bate muito no caso Natan Donadon, deputado federal pelo estado de Rondônia, mas não esclarece que o tal rombo de 8 milhões praticados contra a Assembléia Legislativa daquele estado aconteceu em 1998 e que depois disso o mesmo Donadon foi condenado em 2010 e nesse mesmo ano foi eleito deputado federal com quase 50 mil votos dados pelos eleitores de Rondônia.

            Serão esses mesmos eleitores que estão nas ruas exigindo ética na política ou é a grande mídia que quer fazer a maioria pensar que é assim?

            Isso não é privilégio de Rondônia, mas é uma prática dos eleitores de norte a sul deste Brasil, pois os exemplos são fartos aqui no município de São Gabriel onde políticos sabidamente sem ética e sem zelo pelo patrimônio público são os preferidos da maioria. Sou colaborador, há mais de quarenta anos, da imprensa falada e escrita deste município e de outros que me honraram com seu convite e nem essa mesma imprensa que usa microfones para exigir ética e comportamentos não tem isenção para tanto. Supõe-se que aproximadamente setenta por cento (70%) do faturamento dos veículos de comunicação deste país provém de verbas públicas.

            E quando existia uma imprensa independente no Rio Grande do Sul que era a Empresa Jornalística Caldas Júnior, comandada por um homem da estatura moral do Breno Caldas, certos governantes tudo fizeram para terminá-la sob a alegação de que Breno não era companheiro incondicional.

            Todos os veículos de comunicação de São Gabriel, salvo exceção que não sei se existe, também falam em renovação e ética na política, mas os destaques de primeira capa são sempre para políticos que já foram prefeitos ou coisa parecida e nem sempre foram totalmente éticos no exercício de seus mandatos. Não raras vezes algum desses veículos chega a ironizar das pretensões de um ou outro possível candidato que esteja fora do círculo Baltazar-Rossano. E a maioria não admite outra proposta mesmo que seja muito melhor do que a referida dupla patrulhada pela publicidade comprometida.

            Que povo é este que fala mal dos políticos, mas que apela aos mesmos nas suas mínimas dificuldades individuais? Que povo é este que exige ética e moral nos outros, mas que não age dentro da ética e da moral quando persegue seus propósitos? Que povo é este, meus leitores, que em 50 anos não conhece o Rio Grande do Sul e o Brasil, mas que em dez (10) dias tem a pretensão de conhecer a Europa? Que povo é este que a cada dia perde os sentimentos cívicos em relação ao Brasil, desmoraliza-o, mas nutre quase uma devoção pelos Estados Unidos da América?

            Que povo é este que estranhamente clama por mudanças, mas a cada eleição que ocorre de dois em dois anos reelege a maioria dos mesmos detentores de mandatos?     

            Mas que povo é este que insiste em manter o seu país sempre colônia?

            É, não dá para acreditar em coisa nova com esse povo escolhendo sempre os mesmos.

            Repito: Não entendo como uma maioria de anjos delega poderes para demônios administrá-la. Por que nossos administradores são tão ruins e incompetentes se somos todos bons e competentes? Pensem e respondam sinceramente.

            Afinal que povo é este?

           

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