sexta-feira, 22 de março de 2013

MAUS DEVEDORES


 

 

         Que por qualquer razão não pagam ao credor e nem dão uma justificativa aceitável para tanto, podem pensar que ele é otário e que o prejudicam, mas estão completamente enganados:

 O credor ganha; eles perdem. Ganha porque através de um empréstimo, de um serviço prestado ou de uma mercadoria não pagos, independente do valor, elimina do seu círculo ou comércio uma pessoa negativa e que não merece confiança; ganha a tranqüilidade de ter ajudado uma pessoa nos seus momentos de dificuldade; ganha por praticar o discurso de que não quer o mundo só para si e para os seus, mas o maior ganho é demonstrar que realmente é maior do que eles. A cobrança é muito relativa, pois assim como um tem a certeza de que é credor, eles sabem que são devedores.

Eles perdem porque embora aumentem seu patrimônio material, boa casa, bom carro, boa vida social, demonstram total falta de caráter e o pior, no seu íntimo sabem que são uns patifes, vermes e desclassificados. Ah, no seu íntimo e todos têm íntimo eles sabem que são mais rasteiros do que a mais venenosa das serpentes.

O credor ganha porque perde dinheiro; eles perdem porque ganham dinheiro, mas atiram na sarjeta a auto-estima, a moral e a reputação, predicados que enaltecem e enobrecem o ser humano.

Para a sociedade de consumo que aceita e incentiva todo o tipo de falcatrua, desde que o faltoso seja extremamente consumista, o caloteiro pode ser encarado como um vitorioso, mas no momento da verdade ele se enxerga como um resquício de sofrimento, isolamento, abandono e dor.

Todos estão sujeitos aos atropelos da vida e a situação pode mudar da noite para o dia, fazendo com que em determinadas circunstâncias as pessoas temporariamente não possam honrar seus compromissos, mas se isso acontecer não isenta o bom devedor de uma justificativa ao credor.

Os maus devedores chegam a mudar de rua para não passar na frente do credor, trocam de fornecedor, cortam relacionamento e desrespeitam quem lhes ajudou nas suas horas de infortúnio.

Tenho orgulho do homem que sou. Já devi muito nesta vida, meus credores sempre foram maravilhosos, talvez porque sempre fui um devedor correto. Mas entre todos destaco um que era espetacular. Acredito que gostava do meu jeito: JOSÉ SERAFIM DE CASTILHOS, dono do Juca’s Bar e Restaurante, na época o Centro Social de São Gabriel. Eu jantava, bebia e ao assinar o “vale” incluía o dinheiro que o Juca’s, como era chamado, me emprestava para gastar nos cabarés. Comentei essa sua bondade em uma roda de amigos depois que ele fechou o Restaurante e ele retrucou: Bereci, eu não gosto de ti, eu te admiro porque na caixa de “vales” do meu Restaurante que tenho lá em casa não tem nenhum teu: pagaste todos. É por essa e outras que me orgulho de ser Bereci da Rocha Macedo.

Esta crônica não tem o objetivo de atingir quem deve e não pode pagar, mas mostrar o tipo asqueroso daquele que deve, pode pagar e não paga com o objetivo de gozar de maior conforto ou aumentar seu patrimônio material. Esse tipo de indivíduo vale menos do que uma cueca suja.

E para debochar dos bons pagadores, são os maus que costumeiramente são contemplados com anistias, moratórias, redução de juros, multas e outras benesses mais.  

Há alguns anos atrás se comentava nas rodas que o agiota era um bobo que se desfazia do dinheiro para encher o cofre de papel. Quem mudou isso? O mau pagador, pois hoje até o agiota deixou de ser bobo. Ele empresta dinheiro, porém com garantia real.

As benesses aos maus pagadores é que reduz o número de bons pagadores e aumenta consideravelmente a carga tributária. Algo precisa ser feito, pois beneficiar o mau é punir o bom.

 

 

 

 

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