sexta-feira, 21 de agosto de 2009

NOITES DE INVERNO

Os pés molhados,
as mãos gélidas.
Lentamente giro a chave
na maçaneta da porta.
Esta se abre, entro na sala.
Ninguém à minha espera.
Não sei onde é mais frio,
se na casa vazia ou na rua deserta.
Um retrato na parede
me tráz recordações.
Umas boas, outras más.
O silêncio é total,
somente se quebra com meu respirar.
Essa é minha vida... nada a reclamar.
Gosto do inverno, dos dias cinzentos,
dos dias de chuva que me fazem meditar.
Lá fora o vento fustiga as árvores secas.
Adormeço... e sonho
com outro dia...
e, talvez com alguém a me esperar.
S. G. julho-1994.

SIMPLESMENTE NADA

Nada tenho além de mim,
da minha angústia, do meu pensamento.
Percorrendo esse caminho sem fim
que nem a brisa, o sol e o próprio vento.

Deixo, porém, nesta caminhada
um rastro que não sei se é útil.
Olho para a frente, não enxergo nada
tenho medo de que tudo seja inútil.

Na solidão é que encontro tudo
que alimenta esta minha jornada,
faço esforço pra não ser um mudo,

para ser alguém pregando na estrada.
Penso, analiso, leio e estudo,
porém a vida se acaba em nada.

S. G. - março-1998.

AMOR IMPOSSÍVEL

Fugir não posso desse amor insano
que me enlouquece e que me faz sofrer,
tortura minh'alma como um tirano,
preciso reagir, preciso esquecer.

Procuro esquecê-la, não esqueço,
sua imagem acompanha minha vida,
já não sou moço, não sei se a mereço,
mas sei que é a minha preferida.

Nos meus sonhos ressurge sua imagem,
me beija, me ama, me enlouquece.
Acordo, não a tenho, é uma miragem.

Fico só convivendo com a desgraça,
com a alma contristada que padece
a ilusão desse amor que esfumaça.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

OS ATOS DE CADA UM

Toda a pessoa no pleno uso de suas faculdades mentais deve ser responsável pelos atos que pratica e saber, quando os pratica, se os mesmos são lícitos ou ilícitos, morais ou imorais.
Não assiste qualquer razão a quem administra coisas de terceiros invocar foro privilegiado quando comete qualquer irregularidade. Aliás, o tal foro privilegiado já é um recurso deixado pronto por quem está saindo de uma administração e admite que fez coisas erradas. Aquele que tem certeza de que fez tudo certo jamais criaria um foro especial para julgar ex-ocupantes de, quase sempre, administrações públicas.
Pertenço à corrente minoritária que defende a idéia de que todo aquele que representa terceiros, na atividade privada e ou na pública, não deve ser contemplado com qualquer tipo de sigilo, seja fiscal, telefônico, bancário, etc., pois desta maneira seria mais difícil o enriquecimento ilícito. Acredito ainda que a ostentação de riqueza devesse possibilitar a investigação de qualquer cidadão, pois na maioria das vezes ela é incompatível com os ganhos do mesmo.
O preocupante nisso tudo é que a maioria das pessoas, quando consultada, afirma que faria a mesma coisa se estivesse no lugar das denunciadas.
Os dias se sucedem e os acontecimentos se repetem. É lamentável, sob todas as formas, o que está acontecendo no RS, mas tudo aquilo que começa mal assim termina. A governadora já mentia antes de assumir a administração estadual, haja vista que com a conivência do seu antecessor quis elevar a matriz tributária ao apagar das luzes do mandato deste. O desgaste seria dele, mas os benefícios seriam dela.
Nunca, nos últimos anos, o RS testemunhou uma administração tão desarticulada quanto a atual o que demonstra que apesar dos avisos a maioria escolheu a pessoa errada.
A sociedade reclama, mas ela é a responsável pela contaminação do processo eleitoral. A corrupção está presente, com mínimas exceções, já na eleição de um simples vereador. A base, os municípios, conhece todos e quem escolhe os piores tem de arcar com os prejuízos. Os partidos políticos precisam defender o bem coletivo e não os interesses de suas cúpulas. Se os atuais senadores renunciarem aos mandatos e se candidatarem novamente, por certo, a grande maioria dos mesmos será eleita outra vez. Isso se repete todos os dias, só não vê quem não quer.
Quando o Ministério público se omite é criticado, quando se manifesta também. O que querem?
Até enquanto a censura não me cortar, novamente.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

O paradoxal Senador PEDRO SIMON

Paradoxo, segundo o dicionário da língua portuguesa, poder ser: 1 - Conceito que é ou parece ser contrário ao comum; contra-senso, absurdo, disparate: 2 - Contradição, pelo menos na aparência.
É, pois paradoxal o comportamento do Senador Pedro Simon diante das situações semelhantes em que estão mergulhadas as administrações do RS e do Senado Federal. Aqui no RS o Senador Pedro Simon se não apóia irrestritamente as suspeitas de irregularidades graves, silencia enquanto que no Senado se transforma no cavaleiro defensor da ética e da transparência administrativa. É uma gritante contradição na atitude de um Senador que alguns cantam, em prosa e verso, estar acima de qualquer suspeita.
A trajetória do quase vitalício Senador Pedro Simon não autoriza qualquer comentarista político, ou não, a afirmar que esse político, até por ser humano e lutar por manter seu mandato eletivo, não tenha cometido seus deslizes. Todos sabem, não admite quem não quer que os detentores de mandato por muitos anos precisam fazer muitas concessões e até certas patifarias para consegui-los e ou mantê-los. Têm um discurso para a plebe e outro para os, digamos, financiadores de campanha.
O Pedro Simon seria o Ministro da Agricultura do Presidente Tancredo Neves, mas como este não assumiu o vice José Sarney, e não sei por qual a razão, manteve inicialmente o Ministério daquele. É sabido que os cargos de Ministro são da confiança do Presidente e assim em pouco tempo o Sarney mudou a equipe e trocou o Pedro Simon no Ministério pelo, se não me falha a memória, Joaquim Roriz. Será que na qualidade de seu Ministro o Pedro Simon já aconselhava o Presidente Sarney a renunciar? Quem diz que o Senador Pedro Simon sempre esteve contra o Sarney não conhece a política brasileira.
O Simon desde esse episódio nunca perdoou Sarney.
Exigir lisura no Senado e apoiar falta de lisura no RS é, sim, além de paradoxal muito comprometedor para o ético Senador Pedro Simon.
Por que o Senador Pedro Simon não pede o afastamento da Governadora do Rio Grande do Sul cuja administração também está envolta em mistérios e denúncias de irregularidades? O que quer o PMDB do Senador Pedro Simon? Ser vice do PSDB a nível nacional? Por que o maior Partido Político do Brasil não tem candidato capaz de ganhar a Presidência da República? Para não ter o ônus do executivo e mandar mais através de barganha política.
### O bom mesmo é ser governador (a), pois após quatro (4) anos de mandato, mal ou bem exercido, acomoda a vida através de UMA GORDA E IMORAL pensão vitalícia.
Até enquanto a censura não me cortar, novamente.
Publicado no Jornal Correio Gabrielense, edição de 07/08/2009 - São Gabriel - RS