sexta-feira, 13 de maio de 2016

A ORQUESTRAÇÃO VINHA DE LONGE



            A Ação Penal 470 foi o golpe que fracassou, pois o Poder Judiciário acossado pela grande mídia se viu obrigado a criminalizar o PT e a condenar seus afiliados no julgamento mais midiático de que se tem conhecimento no mundo.
            O objetivo de então (2005) era convencer a maioria do eleitorado a não mais votar no PT, o que reconduziria ao poder, aparentemente de maneira democrática, todos os que não admitiam perder as benesses do poder e muito menos suportar que seus nomes fossem investigados pela nova Polícia Federal, com mais independência e liberdade de ação. A grande preocupação não era com a suposta roubalheira do PT, mas sim com o aparelhamento que os governos do PT deram à Polícia Federal.
            Será que os governos do PT aparelharam e liberaram a Polícia Federal só para ela cortar na carne dos petistas? Óbvio que não.
            Apesar da publicidade que a envolveu a Ação Penal 470 não surtiu os efeitos desejados e o PT surpreendeu nas eleições de 2008 e 2014, o que convenceu a direita fracassada e preocupada com as investigações da Polícia Federal a produzir o terceiro turno, e se reforçando do Poder Legislativo, parte do Judiciário e da grande imprensa paralisou o Brasil, anulando a maioria das iniciativas do Poder Executivo.
            Produziram uma crise por dia para abalar os pilares da administração federal.
            As tramóias mal feitas não obtiveram êxito na ajuda ao PSDB-DEM.          
            O Ministro Joaquim Barbosa foi usado pela imprensa como um símbolo de moralidade, mas até hoje não se sabe por que renunciou à Presidência da mais alta Corte do País e porque antecipou sua aposentadoria.
            Convenceram-se de que para evitar 2018 era preciso muito mais.
            A Presidente Dilma Roussef acossada, odiada e sem a habilidade natural do político escolado foi se isolando, isolando até ficar completamente só.
            Descobriram o Moro, o Juiz dos Juízes, intimamente ligado ao PSDB e fizeram com que o Joaquim fosse esquecido.
            E desta vez, com a cumplicidade do Poder Judiciário, do Poder Legislativo e com o apoio dos grandes veículos da Imprensa Nacional parece, tomaram de assalto o Poder Executivo de uma maneira jocosa digna de republiqueta de bananas.
            Foi o golpe mais baixo, vazio, violento e banal que já se viu no mundo.
            A ruptura constitucional enfim foi conseguida, na marra, mas foi.
            No Brasil foi mais fácil afastar uma Presidente de esquerda do poder do que afastar qualquer treinador de futebol de equipe de 2ª de divisão.
            Não há mais necessidade do Eduardo Cunha. Herói antes, vilão após o golpe.
            Entendo que não é da natureza da mulher certas atividades, mas não posso compactuar com o violento e suspeito afastamento da Presidente Dilma Roussef.
            E isso se deve, também, a ação de um Judiciário que não usou de imparcialidade no exercício de suas funções e ainda com manifestações públicas e políticas de alguns dos seus membros desvirtuou o processo que acabou dividindo o pensamento nacional.           
            Minha tristeza não é proporcionada pela queda da Presidente Dilma, mas sim pela perda da confiança nos Poderes Executivo e Legislativo e pelo desvirtuamento do Poder Judiciário.
            Por mais que me esforce não posso aplaudir um Judiciário que desprezou sua essência, a imparcialidade. Caolho, julga de acordo com quem mais lhe pressiona. Em quem acreditar?
            Nada me surpreende aos 70 anos, pois desde novo aprendi a conhecer meu povo e a entender como funcionam as instituições no Brasil.
            Não lamento a saída da Presidente, o Brasil precisa é de povo e não de um Presidente, pois já tivemos vários e não houve evolução. Mas voltar a um regime de exceção não creio ser a melhor saída. O precedente é por demais perigoso. Amanhã teremos novas eleições e se o grupo dominante não gostar do resultado, novo golpe e assim sucessivamente por mais 20, 30, 40 ou 50 anos. Pensem nisso.
           
             

            

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