A Ação Penal 470 foi o golpe que
fracassou, pois o Poder Judiciário acossado pela grande mídia se viu obrigado a
criminalizar o PT e a condenar seus afiliados no julgamento mais midiático de
que se tem conhecimento no mundo.
O objetivo de então (2005) era
convencer a maioria do eleitorado a não mais votar no PT, o que reconduziria ao
poder, aparentemente de maneira democrática, todos os que não admitiam perder
as benesses do poder e muito menos suportar que seus nomes fossem investigados
pela nova Polícia Federal, com mais independência e liberdade de ação. A grande
preocupação não era com a suposta roubalheira do PT, mas sim com o
aparelhamento que os governos do PT deram à Polícia Federal.
Será que os governos do PT
aparelharam e liberaram a Polícia Federal só para ela cortar na carne dos
petistas? Óbvio que não.
Apesar da publicidade que a envolveu
a Ação Penal 470 não surtiu os efeitos desejados e o PT surpreendeu nas
eleições de 2008 e 2014, o que convenceu a direita fracassada e preocupada com
as investigações da Polícia Federal a produzir o terceiro turno, e se
reforçando do Poder Legislativo, parte do Judiciário e da grande imprensa
paralisou o Brasil, anulando a maioria das iniciativas do Poder Executivo.
Produziram uma crise por dia para
abalar os pilares da administração federal.
As tramóias mal feitas não obtiveram
êxito na ajuda ao PSDB-DEM.
O Ministro Joaquim Barbosa foi usado
pela imprensa como um símbolo de moralidade, mas até hoje não se sabe por que
renunciou à Presidência da mais alta Corte do País e porque antecipou sua
aposentadoria.
Convenceram-se de que para evitar
2018 era preciso muito mais.
A Presidente Dilma Roussef acossada,
odiada e sem a habilidade natural do político escolado foi se isolando,
isolando até ficar completamente só.
Descobriram o Moro, o Juiz dos
Juízes, intimamente ligado ao PSDB e fizeram com que o Joaquim fosse esquecido.
E desta vez, com a cumplicidade do
Poder Judiciário, do Poder Legislativo e com o apoio dos grandes veículos da
Imprensa Nacional parece, tomaram de assalto o Poder Executivo de uma maneira
jocosa digna de republiqueta de bananas.
Foi o golpe mais baixo, vazio,
violento e banal que já se viu no mundo.
A ruptura constitucional enfim foi conseguida,
na marra, mas foi.
No Brasil foi mais fácil afastar uma
Presidente de esquerda do poder do que afastar qualquer treinador de futebol de
equipe de 2ª de divisão.
Não há mais necessidade do Eduardo
Cunha. Herói antes, vilão após o golpe.
Entendo que não é da natureza da
mulher certas atividades, mas não posso compactuar com o violento e suspeito
afastamento da Presidente Dilma Roussef.
E isso se deve, também, a ação de um
Judiciário que não usou de imparcialidade no exercício de suas funções e ainda
com manifestações públicas e políticas de alguns dos seus membros desvirtuou o
processo que acabou dividindo o pensamento nacional.
Minha tristeza não é proporcionada
pela queda da Presidente Dilma, mas sim pela perda da confiança nos Poderes Executivo
e Legislativo e pelo desvirtuamento do Poder Judiciário.
Por mais que me esforce não posso
aplaudir um Judiciário que desprezou sua essência, a imparcialidade. Caolho,
julga de acordo com quem mais lhe pressiona. Em quem acreditar?
Nada me surpreende aos 70 anos, pois
desde novo aprendi a conhecer meu povo e a entender como funcionam as
instituições no Brasil.
Não lamento a saída da Presidente, o
Brasil precisa é de povo e não de um Presidente, pois já tivemos vários e não
houve evolução. Mas voltar a um regime de exceção não creio ser a melhor saída.
O precedente é por demais perigoso. Amanhã teremos novas eleições e se o grupo
dominante não gostar do resultado, novo golpe e assim sucessivamente por mais
20, 30, 40 ou 50 anos. Pensem nisso.
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