sexta-feira, 29 de abril de 2016

O MUNDO CHOCADO, eu não.


         Segundo notícias diversas parece que o mundo se chocou com o espetáculo deprimente que foi a reunião da Câmara Federal, realizada dia 17 de abril de 2016, com a finalidade de votar o impedimento da Presidente da República.
            É de se salientar que o choque não foi provocado pelo resultado da votação em si, mas pela ridícula argumentação dos votos da maioria parlamentar.
            Faz muito tempo que solitariamente reclamo da falta de consciência da maioria do povo brasileiro e da sua passionalidade quando se trata de assuntos relevantes.
            A Câmara Federal escancarou ao mundo que o Brasil, pela sua representação parlamentar, se trata de uma republiqueta de quinta categoria, pois a maioria das manifestações na hora do voto demonstrou a falta de fundamentação jurídica, de recato e de respeito.
            A histórica reunião de 17 de abril de 2016 pode ter surpreendido o mundo, mas não surpreendeu este articulista, eis que ele há muito tempo sabe da irresponsabilidade da maioria do povo brasileiro e como não poderia deixar de ser, de sua representação política. Não poucas vezes escrevi neste espaço que não acredito em anjos comandados por demônios. Lamento, mas os componentes da Câmara Federal atestaram que este jornalista interiorano está coberto de razão.
            A fragilidade dos votos se supõe, se deve ao fato de que muitos votantes, supostos criminosos, não terem autoridade moral, muito menos credibilidade e idoneidade para autorizar o impedimento da Presidente cujos crimes não foram elencados e caracterizados para o devido esclarecimento da população.
            A maioria nem sempre tem razão, mas suas decisões devem ser respeitadas.
            É de se lamentar o comportamento paradoxal de uma relativa parcela da população que aplaudiu e ainda aplaude freneticamente a tomada do poder por pessoas que igualmente deveriam ter sido cassadas junto com a Presidente da República, naquela histórica reunião, para o bem deste mal amado Brasil.
            O Brasil perdeu muito, não pelo resultado da votação, mas pela maneira como ela foi arquitetada e conseguida.
            E aqueles que alegavam a ilegitimidade do mandato da Presidente, agora terão que alegar a ilegitimidade do seu impedimento, discutível sob diversos aspectos.
            Acredito que mostrado ao mundo o embuste contido na reunião da Câmara Federal, do dia 17 de abril de 2016, esvaziada de postura, a perdedora saiu como a grande vencedora, pois mais rápido do que imaginavam, os brasileiros estão se dando conta de que a mudança imposta pela maioria dos senhores deputados não é a melhor solução para os problemas do Brasil.
      

            

sexta-feira, 15 de abril de 2016

ELES, OS JUÍZES, VISTOS POR UM ADVOGADO.




(Piero Calamandrei)

           Durante os últimos anos da guerra, um jovem pretor confiava-me o desnorteamento em que se debatia cada vez que lhe cabia julgar, como magistrado, delitos que ele mesmo, como cidadão, cometia todos os dias.
            Certa vez, numa audiência, teve diante de si um homem acusado de ter ouvido a Rádio de Londres. Era o que todos os bons italianos faziam todas as noites; ele mesmo, pretor, fazia-o quando estava no segredo da sua casa.
            O réu, totalmente, era confesso: não havia jeito, tinha de condená-lo.
            - Não pude salvá-lo – dizia-me suspirando o pretor. – Dei-lhe a pena mínima, mas absolvê-lo não podia. Ao ler a sentença, eu gaguejava de vergonha. No entanto, mal voltei para casa, mandei meu rádio, bem embrulhado, de presente a um amigo que o desejava fazia tempo, para não ter mais a tentação de recair naquele fato, proibido pelas leis que eu mesmo devia aplicar...
            - Assim, quanto ao rádio, pus a consciência em paz; mas não consegui fazê-lo quanto aos delitos alimentares. Todos os dias tinha de condenar, como juiz, um pai de família, culpado de ter adquirido no mercado negro, víveres racionados; então quando julgo, tenho de me esforçar para esquecer que eu mesmo fizera isso naquela manhã, antes de vir a audiência, quando fui fazer compras e levei para casa, cuidadosamente escondidos na pasta de couro com meus papéis de trabalho, cem gramas de manteiga ou meia dúzia de ovos.
            É fácil aplicar a lei nos outros; mas, se não fosse o mercado negro, como faria eu para matar a fome de meu filho, que necessita de alimentos substanciosos? As leis são feitas para os filhos dos outros; mas a fome dos próprios filhos, mesmo no caso de um juiz, não conhece leis.

            Este é o caso do criminoso com diploma, vestido na pele do juiz, julgando o criminoso comum. Acontecia na Itália durante a guerra, mas no Brasil acontece todos os dias. Por essa e outras razões que faço um esforço desgraçado para não ser julgado por juízes dessa categoria.
            È aquilo que sempre afirmo, sem nunca ter ido à Itália: muitos juízes julgam em razão do pensamento ideológico do réu ou de sua posição social e não pelo crime praticado.  Os exemplos são fartos, é só prestar atenção.

 A queda da Presidente Dilma parece que está confirmada, pois já estão anunciando o fim da investigação Lava Jato. Por quê? Ela já teria cumprido com sua finalidade.
        

            

sexta-feira, 8 de abril de 2016

A POLÍTICA E A ECONOMIA

BERECI da R MACEDO
A POLÍTICA e a ECONOMIA
(08.04.1994)

                Embora muitos não queiram aceitar, uma economia saudável e forte é consequência de uma orientação política adequada e sadia. A economia no chamado ciclo autoritário foi mais estável porque a administração militar conseguia, no Congresso Nacional, uma maioria na “marra”, além da censura na imprensa. Quem não lembra do Golbery do Couto e Silva? Era o mago das articulações do governo.
            É sabido que o eleitor brasileiro não gosta de votar no estudioso ou intelectual, porque este sabendo de suas potencialidades não compra voto e muito menos pratica a política do “é dando que se recebe”. Assistimos, assim, uma avalanche de votos em pessoas completamente despreparadas para o debate e para o entendimento.
            Quem são nossos parlamentares? Homens de igreja, do rádio, da televisão, dos campos de futebol, ou seja, a maioria pertencente às atividades ligadas ao populismo. Os estudiosos, não mesmo. A dificuldade da administração de hoje se deve ao fato de não ter uma maioria parlamentar que lhe dê respaldo, partindo por isso para a negociação, cedendo, quase sempre, para o corporativismo. Isso não é bom.
            De outro lado esta difícil encontrar uma pessoa preparada para ser o magistrado de que o Brasil tanto precisa. Ela existe, porém não tem votos.
            Nossos políticos não são de outro planeta e muito menos caem do céu. Tivemos o “blefe” Collor e estamos caminhando para o perigo Quércia. Lula não ganha porque as classes conservadoras não permitem e, assim sendo, não representa perigo.
            É regra geral qualquer indivíduo comentar sobre a má qualidade do político brasileiro, mas se esquece esse mesmo indivíduo que o político brasileiro é produto da preferência da maioria dos eleitores. Portanto se o escolhido não tem moral e nem preparo, o que se dizer de quem o escolheu?
            O drama da economia brasileira está diretamente ligado à instabilidade política e negar essa evidência é pensar com pouca inteligência, ou má fé.
            Cabe às forças vivas da nação a tarefa de reverter esse quadro. Tão somente a elas, porque na democracia vale sempre a vontade da maioria.
            Somente de um eleitorado qualificado sairá um político do perfil ideal.
            O contrário disso é o Brasil de hoje. Daí o fracasso da economia.
            Parece que esta matéria foi escrita hoje, mas não. Ela foi escrita precisamente há vinte e dois (22) anos atrás. A conclusão fica a critério de cada leitor.

            Será que os R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) provenientes do Governo Federal chegarão a tempo do Prefeito concluir a infra-estrutura da Avenida Tito Prates? Se chegarem e a obra for concluída, será a marca da atual administração. Mas já estamos em abril.


            

sexta-feira, 1 de abril de 2016

CRONOLOGIA


         A verdade que os adversários do PT não querem admitir é o sucesso do Luiz Inácio Lula da Silva desde seu primeiro mandato. Quando o “analfabeto” percebeu que perderia mais uma eleição, logo tratou de vender a alma e mudar o curso da história do Brasil. Ganhou a eleição de 2002 porque assinou aquela carta se comprometendo em continuar com as políticas até então implantadas.
            Durante a campanha eleitoral a aposta era de que se o “analfabeto” ganhasse a eleição o Brasil se tornaria um caos: Ganhou e o caos não se estabeleceu.
            Nas eleições de 2006, os adversários do PT mais uma vez, do alto da sua estupidez, não acreditavam que o candidato à reeleição, já sem assinar carta alguma, lograsse êxito e derrotasse novamente o tão decantado neoliberalismo. Concorreu e venceu. Mas sua oposição em vez de se organizar, preferiu ficar mais quatro (4) anos nas ironias e no deboche.
            O “analfabeto” mostrou mais uma vez que nem sempre os bancos acadêmicos dotam o cidadão de inteligência; os mestres muitas vezes esquecem que a inteligência é inata e a escolaridade é que se adquire na Universidade.
            O metalúrgico, o dezenove (19) dedos, o analfabeto, o tomador de cachaça, na linguagem dos eruditos, dos intelectuais de sovaco, mais uma vez surpreende e apresenta como sua sucessora uma mulher que imediatamente é apelidada pelos seus opositores, simplesmente, de “poste”.
            Eleição de 2010, “o poste” ganha e se transforma na primeira mulher a administrar o Brasil, consagrando dessa maneira o seu criador.
            Até 2014, para surpresa do mundo, o Brasil não foi o caos tão desejado pelos adversários do Luiz Inácio, “do poste” e do PT.
            Restava aos sábios acadêmicos derrotar “o poste” quando da disputa da reeleição, pois era preocupante mais quatro (4) anos da administração federal sob a batuta daquela que tinha sido motivo de escárnios por quem durante quinhentos (500) anos dominou o Brasil.
            E o “poste” ganhou sua reeleição e concomitantemente a raiva, o ódio, o desprezo dos seus adversários, que passaram a conspirar, em conluio com a grande imprensa, parte do judiciário e com um número expressivo de deputados federais sob a batuta do “símbolo da inteligência e da lisura”, Eduardo Cunha.
            Foi o raivoso Aécio Neves, perdedor que, inconformado com o resultado da eleição logo depois de divulgados os números finais, iniciou uma orquestração terrível para desestabilizar a administração federal, inviabilizar Luiz Inácio da Silva para 2018, cassar a Presidente e assim abafar as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público que, se isentos, atingirão todos os Partidos Políticos, muitos homens públicos e empresários até então protegidos pelo acobertamento de suas falcatruas.
            O Judiciário puniu irregularidades através da Ação Penal 470. Petistas estão presos e “suas quadrilhas desbaratadas”. Porque o medo?         
            Pelo menos o Aécio conseguiu seu objetivo e merece os parabéns, porque a baderna atingiu todos os segmentos do país e o paralisou.
            Temer, Eduardo Cunha em dez dias recolocarão o Brasil nos seus verdadeiros trilhos. Na verdade ele não está fora dos trilhos. A crise foi criada com a finalidade de trocar os governantes. E parece que está conseguindo.
            Quem governou dentro da normalidade durante três (3) mandatos não tem interesse em bagunçar o quarto (4º), pois todos gostam do poder e trabalham pela sua perpetuação no mesmo.
            Existe algo de estranho e profundo que muitos não se esforçam em entender, mas é evidente a conspiração em busca do poder. Tudo pelo poder, somente pelo poder.