sexta-feira, 20 de novembro de 2015

NOSSOS MALES VÊM DE LONGE



Publicado em 18.05.1989.
            Nos momentos que antecedem um importante pleito eleitoral, triste, percebo que o povo brasileiro continua e continuará por muito tempo vítima do próprio veredicto de sua maioria.
            O momento que vivemos é delicado e necessário se torna que todas as pessoas de responsabilidade deste país passem a analisar novas idéias e não nomes e homens. O grande mal do Brasil é a sociedade que o habita, inculta, egoísta, consumista e altamente corruptora, pois não admite obrigações, mas somente direitos.
            No momento se discute Ulisses, Jânio, Collor, Covas, Freire, Aureliano, Maciel ou Sandra, Lula, Brizola, etc, etc, quando o imperioso é discutir a reorganização da família brasileira e repensar todo nosso sistema político-social-econômico-administrativo.
            Não pensem, como afirmam os interesseiros, que a eleição direta para Presidente da República resolverá todos os nossos problemas. O povo brasileiro elegeu, diretamente, seus vereadores, prefeitos, deputados estaduais, federais, senadores e porque não amenizou seus dramas?
            No Brasil já tivemos monarquia, república presidencialista, ditadura civil, ditadura militar, presidente eleito pelo voto direto, pelo voto indireto, com esse direito exercido por cidadãos de diversas idades, partidos e mentalidades e, bolas, nada deu certo.
            Os tempos mudaram; o que foi bom ontem, talvez não seja bom hoje e, partindo desse pressuposto é que afirmo, categoricamente, que enquanto discutirmos nomes e homens estaremos, estupidamente, prolongando nossa agonia. O que o Brasil precisa para crescer é de um novo sentimento, de uma nova idéia, de um novo comportamento e já que não pode ter um novo povo, precisa, principalmente, que cada cidadão, político ou não, faça sua parte, cumprindo com suas obrigações e não somente exigindo seus direitos.
            A receita é simples: Austeridade, moralidade, trabalho e educação e que cada cidadão seja respeitado pela sua decência e não por sua declaração de bens.
            Alguma coisa mudou? Sim, mas para pior. Às vésperas de nova eleição repito o alerta de vinte e seis (26) anos passados, pois de lá para cá não tem havido mudança, mas sim uma mesmice de atitudes e a insistência da maioria em manter nos poderes os mesmos nomes e homens que tem se mostrado por demais infrutífera.
           
            Vivemos 2015, é quase certo que teremos eleições em 2016 e aposto que a mudança será mínima, porque a maioria que escolhe é a mesma. A base está apodrecida haja vista a demonstração dos senhores vereadores na votação do Parecer do TCE-RS que aconselhava a desaprovação das contas dos ex-prefeitos Baltazar e Rossano. De uma lavoura de joio jamais se colherá algum trigo. Assim, os eleitos são o retrato da maioria que os elege.
           
           
           
           



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