sexta-feira, 30 de outubro de 2015

TEIMOSIA, MINHA OU DELES?



São Gabriel (RS), 06 de agosto de 2015.
Ao Comando
4º. GPT E – 4º. GRUPAMENTO DE ENGENHARIA
Rua dos Andradas, 562 – 5º andar.
Centro Histórico
PORTO ALEGRE – RS      CEP. 90.029 – 900
Prezados Senhores
                        Por favor, espero seu entendimento e sua atenção ao assunto.
                        O Comando do 6º. Batalhão de Engenharia e Combate e o Prefeito de São Gabriel entenderam, sem lei específica que os autorize, interromper uma Rua central da cidade e transformar o seu trecho, na frente daquela unidade, em um estacionamento  privativo para carros particulares de alguns  militares, provocando toda sorte de transtornos e riscos permanentes de acidente a todos os  motoristas que trafegam pela Rua João Manoel.
                        Acredito que precisamos de integração entre civis e militares e em nenhum momento de animosidade.
                        É de se supor que o Comando do 6º BE e o Prefeito extrapolaram os limites das respectivas prerrogativas ao impor uma medida que privilegia uma escassa minoria em detrimento da grande maioria da população.
                        Sem ter a quem apelar encaminho para sua análise cópia de farta documentação que trata do assunto, pois a falta de sensibilidade e a arrogância impedem um diálogo civilizado entre as partes.
                        Tal atitude do Senhor Prefeito pode não ser reconhecida como improbidade administrativa, mas pode ser caracterizada como crime de responsabilidade.
                        Já o § 2º. do artigo 79, Decreto Lei nº. 9.760, de 05 de setembro de 1946, diz: O chefe da repartição, estabelecimento ou serviço federal que tenha a seu cargo próprio nacional, não poderá permitir, sob pena de responsabilidade, sua invasão, cessão, locação ou utilização em fim diferente do que lhe tenha sido prescrito.
            O comando do BE pode ceder parte da Vila Militar ao Município?
                   O ideal seria uma visita no local para constatar as ilegalidades existentes, pois é de se pensar que a Lei deve proteger a maioria e nunca atacá-la ou expô-la a perigos permanentes.
                        Diante da intransigência do Prefeito e do Comando do 6º. BE, da omissão do Ministério Público, me resta apelar a esse COMANDO para que seja liberado o trânsito de carros e de pessoas na frente daquela unidade militar por se tratar de medida necessária ao interesse de toda a coletividade são-gabrielense.
                        No momento em que a Pátria exige a INTEGRAÇÃO de todos para atingir seu pleno desenvolvimento, acredito não ser hora de se patrocinar desavenças e antipatias que só trazem prejuízos e animosidades a todos.
                        Acredito que o bom senso desse COMANDO encontrará o melhor caminho.
                        Com o único propósito de fazer valer o direito das maiorias, apresento protestos de respeito e consideração.
Atenciosamente
Bereci da Rocha Macedo
RG.8014302064-SSP-RS
Enviada dia 27.08.2015 – RG 192364404BR. Recebida dia 31.08.2015, às 16,59 h. SEM RESPOSTA.


                       
                       
                       
                       







sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A RECLAMAÇÃO DOS VEREADORES



         Através da imprensa tomei conhecimento das reclamações dos vereadores quanto à pressão das cobranças populares que estão sofrendo no que diz respeito ao abuso das diárias e à alta remuneração.
         As reclamações dos vereadores não procedem, pois quem paga por qualquer serviço tem o direito de cobrar, ainda mais quando esse pagamento é exorbitante se comparado com o retorno oferecido.
         Não se discute a legalidade, mas sim o absurdo do que os vereadores recebem, R$ 7.500,00 (sete mil e quinhentos reais) mensais, por poucas horas semanais de trabalho.
         Analisando por outro ângulo, os vereadores podem ter razão, pois os eleitores votam sempre nos mesmos, salvo gloriosas exceções.
         Sou um político e antes de ser político sou homem que honra sua palavra e em todas as quatro (4) vezes nas      quais disputei uma cadeira na Câmara Municipal sempre defendi o mandato gratuito, nas Câmaras onde as sessões são a noite, ou uma baixa remuneração, pois nestes casos os vereadores não são impedidos de ter uma outra atividade remunerada.
         Aquele que se dispõe a trabalhar pela comunidade e o faz por livre e espontânea vontade não têm o direito de explorá-la.
         A maioria dos eleitores de São Gabriel deu um sonoro não ao cidadão que se dispunha a trabalhar sem remuneração pela sua comunidade, pois isso ele sempre fez e faz ao longo da vida, tão e somente com o mandato da sua consciência.
         A maioria sempre tem razão, mas não vou renunciar aos sólidos princípios de minha formação moral, aos meus pensamentos políticos e nem me transformar em um mentiroso aproveitador simplesmente para gozar da simpatia da turba e chegar à conquista de uma cadeira no legislativo municipal.
         Um dos meus objetivos era ser escolhido para o exercício de um mandato popular de vereador ou de prefeito da minha cidade e para tanto fui candidato, mas quando recusado soube acatar a decisão da maioria, porém o mandato recebido daqueles que votaram neste político, vou exercê-lo com força e dignidade até meu derradeiro momento porque sinto orgulho da sua confiança.
         Os vereadores estão lá por duas razões: 1 – Deram seu consentimento para concorrer; 2 – Este o principal: Foram escolhidos democrática e legitimamente para o cargo. Fixar uma remuneração exagerada é uma questão moral da maioria... São vereadores para servir ou para se servir? Eis a questão.
         ### Nem um tiro de Bazuca é capaz de atingir o ligeirinho. Só faltava essa.
         
        
        

         

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

NOVOS TEMPOS



            Precisamos de novas atitudes para viver novos tempos.
            Quando se reclama da alta carga tributária é preciso avaliar o que se facilita para a sonegação.
            Há poucos dias uma senhora me perguntou por que tenho tanto desprezo pelo sonegador. Minha resposta foi simples: Minha senhora, não gosto do sonegador porque ele usa de todos os melhoramentos que são construídos com os recursos dos que pagam impostos, além de contribuir decisivamente com o aumento destes.
            Todos os leitores sabem que há excesso de funcionários públicos federais, estaduais e municipais e que todos têm privilégios além de ganharem, salvo honrosas exceções, muito bem para o pouco que produzem.
            Para exemplificar: Sou cliente da Caixa Econômica Federal, gosto da Caixa, mas um dia destes uma funcionária – caixa – para não trabalhar ou trabalhar menos me mandou para o auto-atendimento. Óbvio que não fui, mas antes perguntei: Para que te pago um salário?
            O auto-atendimento foi uma idéia genial de quem o inventou, pois o cliente se atende sem ganhar nada e faz o trabalho de quem muito ganha para trabalhar pouco.
            Precisamos de um novo tempo para se convencer de que um vereador ganha uma babilônia de dinheiro para exercer uma atividade que muito bem poderia ser atribuída às associações de bairros ou a um conselho de cidadãos mediante uma pequena verba de representação. Precisamos nos conscientizar de que a alta carga tributária é produto também dessas remunerações desnecessárias.
            Novas atitudes para entender que não há necessidade de tantos senadores, de tantos deputados federais e de tantos deputados estaduais; precisamos combater as pensões vitalícias de nossos ex-governadores; precisamos combater a publicidade oficial que faz com que os veículos de comunicação neguem espaços para o cidadão comum exercer um direito constitucional; precisamos de novas atitudes para exercer o direito ou a obrigação do voto, pois é com o voto irresponsável e comercializado que produzimos a irresponsabilidade política dos detentores de mandato.
            Existem os que teimam em negar culpa aos eleitores quando dizem que eles sempre esperam boas ações dos eleitos, ao que eu respondo que quem vota sempre nos mesmos candidatos já os conhece o suficiente para saber até onde podem ir.
            Quando o senhor, caro leitor ou leitora, tiver a oportunidade de ser candidato (a), a qualquer cargo, não a despreze, pois então será sua vez de conhecer o seu verdadeiro povo. E nesse momento lembrará de mim e do que escrevo: Não existe País ruim com povo bom e vice versa.
            O Brasil precisa de nós, mas será que não lhe temos faltado?
            A classe política é o reflexo do que pensa a maioria da sociedade brasileira.
            Negar isso é nada mais do que fugir do debate consigo próprio.
           
            E se vocês não querem concordar comigo, leiam o que Alcides Maia já escrevia em 1898: Sem a força do querer, sem a faculdade da acção, quase sem energia coletiva, sem a disposição de ânimo para sacrificar tudo nas aras da justiça, no culto da verdade intransigente, no respeito e na obediência aos princípios cardeaes de nossa estructura política, o Brasil, esta terra nossa terra querida, tão merecedora de piedade, tão pobre de amor, está e estará ainda por muito tempo exposto ao charlatanismo dos politiqueiros audazes, à precipitação dos ideólogos e radicaes, à exploração dos estrangeiros, e à ganância vil, ignóbil e pútrida dos que se dedicam à vida pública, pensando unicamente na fortuna”. Satisfeitos? A coisa vem de longe.
            

            

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

TENHO ORGULHO DE SER HONESTO



            Rui Barbosa morreu em 1923, mas antes de morrer escreveu: “Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro”!
            “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
            Não tenho vergonha de mim porque combato as nulidades, luto em defesa da honra, da justiça, tento, de todas as maneiras, retirar o poder das mãos dos maus, não desanimo da virtude, não rio da honra e não tenho vergonha de ser honesto.
            E não tenho nenhuma pena do povo brasileiro porque ele é o responsável pela anarquia reinante neste País tão rico, tão belo e tão mal amado.
            Os escritos de Rui Barbosa convidam qualquer pessoa lúcida a uma profunda meditação, pois é preciso considerar que ele viveu no período entre 1849 e 1923. Mas, analisando seu teor parece que é um convite ao desânimo e a renúncia dos princípios cardeais que devem nortear os rumos da pessoa humana.
            Desde novo leio, entre tantos outros autores, Rui Barbosa porque seu brilhantismo é coisa rara e sua cultura um marco que enriquece o Brasil e todos aqueles que buscam sabedoria, mesmo sem nenhuma formação acadêmica.
            Tenho duas obras do Rui que me foram presenteadas pela grande amiga, Marília Moreira, companheira de clubes, bares, restaurantes e que também enriqueceu o mundo das letras de São Gabriel com sua inteligência e sua maneira simples de ser.
            O que escreveria Rui Barbosa nos dias de hoje se há l00 (cem) anos atrás o Brasil já era das nulidades, dos maus e dos desonestos?
            Porque ter vergonha de ser honesto se a honestidade é a maior riqueza da pessoa humana? 
            O brilho da luz atrai a mariposa, mas também a mata. Assim também o brilho dos ganhos ilícitos atrai a pessoa humana, mas a torna asquerosa, vazia e solitária.
            Rui sentia pena do povo brasileiro, está escrito.
            Eu? Sinto pena de ti Brasil, cujo povo aplaude as nulidades, admite a desonra, convive pacificamente com as injustiças, transfere o poder para as mãos dos maus, debocha da virtude, despreza a honra e tem vergonha de ser honesto. Ressalvadas as exceções, pois elas existem.
         Sou um homem comum que se orgulha das renúncias que fez em nome da honestidade, da honra, dos princípios morais recebidos dos pais, da ética e do respeito que sempre teve para consigo próprio. Minha vida é um rosário de dificuldades, percorro caminhos ásperos e espinhosos, mas carrego na alma a fé que me conduz e a convicção de que todo aquele que só amealha riquezas terrenas não vive, simplesmente passa sem deixar marcas da sua passagem.
            É comum ouvir do meu povo a seguinte expressão: “Com a sua verdade o senhor não vai a lugar nenhum”. Pois prefiro não ir a lugar algum a abdicar da verdade.
            Embora vivendo em um País onde muitos tenham vergonha de ser honesto, eu insisto em dizer: Não sinto vergonha de mim e tenho orgulho de ser honesto.