Que por qualquer razão não pagam
ao credor e nem dão uma justificativa aceitável para tanto, podem pensar que
ele é otário e que o prejudicam, mas estão completamente enganados:
O
credor ganha; eles perdem. Ganha porque através de um empréstimo, de um
serviço prestado ou de uma mercadoria não pagos, independente do valor, elimina
do seu círculo ou comércio uma pessoa negativa e que não merece confiança;
ganha a tranqüilidade de ter ajudado uma pessoa nos seus momentos de dificuldade;
ganha por praticar o discurso de que não quer o mundo só para si e para os seus,
mas o maior ganho é demonstrar que realmente é maior do que eles. A cobrança é
muito relativa, pois assim como um tem a certeza de que é credor, eles sabem
que são devedores.
Eles perdem porque embora aumentem seu
patrimônio material, boa casa, bom carro, boa vida social, demonstram total
falta de caráter e o pior, no seu íntimo sabem que são uns patifes, vermes e
desclassificados. Ah, no seu íntimo e todos têm íntimo eles sabem que são mais
rasteiros do que a mais venenosa das serpentes.
O credor ganha
porque perde dinheiro; eles perdem porque ganham dinheiro, mas atiram na
sarjeta a auto-estima, a moral e a reputação, predicados que enaltecem e
enobrecem o ser humano.
Para a
sociedade de consumo que aceita e incentiva todo o tipo de falcatrua, desde que
o faltoso seja extremamente consumista, o caloteiro pode ser encarado como um
vitorioso, mas no momento da verdade ele se enxerga como um resquício de
sofrimento, isolamento, abandono e dor.
Todos estão
sujeitos aos atropelos da vida e a situação pode mudar da noite para o dia,
fazendo com que em determinadas circunstâncias as pessoas temporariamente não
possam honrar seus compromissos, mas se isso acontecer não isenta o bom devedor
de uma justificativa ao credor.
Os maus
devedores chegam a mudar de rua para não passar na frente do credor, trocam de
fornecedor, cortam relacionamento e desrespeitam quem lhes ajudou nas suas
horas de infortúnio.
Tenho orgulho
do homem que sou. Já devi muito nesta
vida, meus credores sempre foram maravilhosos, talvez porque sempre fui um
devedor correto. Mas entre todos destaco um que era espetacular. Acredito que
gostava do meu jeito: JOSÉ SERAFIM DE
CASTILHOS, dono do Juca’s Bar e Restaurante, na época o Centro Social de São
Gabriel. Eu jantava, bebia e ao assinar o “vale” incluía o dinheiro que o
Juca’s, como era chamado, me emprestava para gastar nos cabarés. Comentei
essa sua bondade em uma roda de amigos depois que ele fechou o Restaurante e
ele retrucou: Bereci, eu não gosto de ti, eu te admiro porque na caixa de “vales”
do meu Restaurante que tenho lá em casa não tem nenhum teu: pagaste todos. É
por essa e outras que me orgulho de ser Bereci da Rocha Macedo.
Esta crônica não tem o objetivo de atingir
quem deve e não pode pagar, mas mostrar
o tipo asqueroso daquele que deve,
pode pagar e não paga com o objetivo de gozar de maior conforto ou aumentar
seu patrimônio material. Esse tipo de indivíduo vale menos do que uma cueca
suja.
E para
debochar dos bons pagadores, são os maus que costumeiramente são contemplados
com anistias, moratórias, redução de juros, multas e outras benesses mais.
Há alguns anos
atrás se comentava nas rodas que o agiota era um bobo que se desfazia do
dinheiro para encher o cofre de papel. Quem mudou isso? O mau pagador, pois
hoje até o agiota deixou de ser bobo. Ele empresta dinheiro, porém com garantia
real.
As benesses
aos maus pagadores é que reduz o número de bons pagadores e aumenta
consideravelmente a carga tributária. Algo precisa ser feito, pois beneficiar o
mau é punir o bom.