Por Renan Antunes de Oliveira
Postado em 11 jul 2016
por: Diário do Centro do Mundo
COMO FOI.
Mídia em via
dinheiro ao exterior e boicota escândalo.
Políticos
e empresários usaram doleiros e laranjas
para remeter dinheiro para paraísos fiscais entre 1996 e 2003, burlando o
sistema legal de remessa pelas contas internacionais conhecidas como CC5 (por isso também
conhecido como Escândalo das CC5. O MPF em Foz do Iguaçu descobriu a fraude
porque a agência local do Banestado
enviou para a agência de Nova York cerca de 30 bilhões de dólares – o total com
outros bancos chegou aos 124 bilhões.
A
movimentação era demais naquele final dos anos 90 e levou o até então
desconhecido procurador Celso Três começar a investigação. Como o MPF não tinha
técnicos e supercomputadores, quem deu início ao rastreamento de contas pela
internet foi um motorista do órgão. Apaixonado por computadores, ele usou um PC
apreendido de contrabandistas para
descobrir a fraude.
O
procurador formou dupla com o delegado federal José Castilho Neto para levar a
investigação aos Estados Unidos, seguindo a trilha do dinheiro enviado para o
exterior. A investigação identificou dezenas de doleiros, entre eles o mesmo
Alberto Youssef delator da Operação Lava Jato, e cerca de 3 mil laranjas
(pessoas comuns, usadas por políticos e empresários para enviar dinheiro em
seus nomes).
Foram
flagrados com remessas ilegais os políticos Jorge Bornhausen, José Serra, Sérgio Motta (já falecido), Ricardo
Oliveira (operador nas campanhas de FHC e José Serra) e até o jovem Carlos
Alberto Richa (Beto Richa), hoje governador do Paraná, que remeteu 1 milhão de
dólares. Quase todos eram da cúpula do governo FHC. O doleiro Youssef foi preso
e tornou-se delator pela primeira vez. O trabalho do procurador e do delegado
deu ase para a abertura de uma CPI, em 2003.
A mídia promoveu
boicote depois que foram apresentados documentos de remessa ilegal de dinheiro
pela Rede Globo, Editora Abril, RBS e Correio Braziliense. No front político, a
investigação do Banestado morreu na CPI. No front jurídico, o MPF e a PF foram
esvaziados, perdendo poderes. Ainda em 2003, quase no final, um novo juiz
assumiu o caso: Sérgio Moro. Mas as investigações não avançaram.
O
procurador e o delegado foram afastados. A investigação foi desmembrada, numa
decisão que depois se mostrou equivocada ou, quem sabe, muito bem calculada
para chegar aonde chegou: a nada. Cada laranja deveria enfrentar processo em
seu domicílio fiscal, em dezenas de comarcas pelo Brasil. Houve 91 prisões de
“peixes miúdos”, dos quais só 26 foram efetivamente fisgados. Muitas das ações
ainda estão dormindo nos tribunais. Parece que a Justiça se desinteressou
depois que o Mensalão (2004) pintou na mídia. É um pesadelo logístico saber
quantas ações do caso Banestado já caducaram.
JULGUEM,
pois a bagatela de R$ 500 bilhões de reais sumiu, se escafedeu e a divulgação
desta matéria não é alardeada porque os beneficiados com o sumiço dessa extraordinária
soma são, se supõe, vigaristas de altas plumagens pertencentes à dita elite
brasileira.
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