sexta-feira, 21 de outubro de 2016

ACOMODAÇÕES PÓS VITÓRIA


            É a primeira dor de cabeça do candidato que ganha uma eleição para o Poder Executivo, pois é regra geral acomodar primeiro os companheiros, na nova gestão, que de uma maneira ou de outra não atingiram seus objetivos de campanha.
            O contingente de companheiros e de coligados envolvidos na campanha eleitoral é expressivo e depois do resultado das urnas se transforma em ferrenho cobrador dos esforços despendidos.
            Cuidar dos correligionários que foram candidatos e não eleitos é o primeiro e delicado problema, pois poucos deles são efetivamente partidários, mas sim postulantes a um cargo bem remunerado, de preferência sem fazer nada, junto ao Poder.
            A coligação quanto maior mais complicada, pois cada componente exige um lugar de destaque compatível com sua participação na campanha. O eleito pode negar, mas nenhum foge disso, esta é a regra geral no tipo de administração pública, política e corrupta, que impera nos níveis municipal, estadual e federal.
            Cumprir com os compromissos assumidos durante a campanha é outro problema que atormenta o eleito, uma vez que a maioria deles é feita para ganhar o tão ambicionado cargo. Cumpri-los é outra conversa. Não depende só de quem se compromete.
            Reconduzir por diversas vezes o mesmo gestor é também repetir os mesmos defeitos e os mesmos colaboradores ou na melhor das hipóteses a maioria deles.
            Existe o velho chavão: “O povo tem o governo que merece”, mas aprendi com o amigo Nero Meneghello: o povo tem o governo que a maioria escolhe. Eu acrescento: A maioria escolhe, mas todos pagam a conta.
            Não tenho preferência por este ou aquele administrador, pois exceto pequenos detalhes todos são iguais. Tenho profundas restrições ao modelo de administração pública praticado no Brasil e que dificilmente mudará em função da indiferença e da sua submissão popular aos governantes.
            Não existe evolução em qualquer sistema quando os mandatos, salvo raríssimas exceções, são comprados com dinheiro, com tráfico de influência, troca de favores e os bons candidatos, bom gestores, são substituídos por personagens circenses, manequins de vitrine e almofadinhas que aproveitam e usam tudo e todos tão somente para sua evolução individual ou aumento da fortuna material.
            E assim se sucedem as eleições com a maioria do eleitorado cometendo os mesmos erros, transferindo as próprias responsabilidades e fazendo as mesmas críticas aos velhos profissionais da política e, logo adiante, aos principiantes que se espelharam naqueles para conquistar um mandato empilhado em outro e gozar as benesses dos vitoriosos.
            Embevecidos, principalmente os do Legislativo, não lembram dos companheiros que lhes ajudaram com dez (10), quinze (15), cinquenta (50) ou cem (100) votos para a conquista da tão almejada cadeira porque todos, agora sim sem exceção, foram eleitos pela legenda. E o pior: Muitos dos que ajudaram nem companheiros são. Mas é assim que funciona. Cumpra-se a Lei.
       

           
           
           
           
           
           
           
           

           


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