Há
poucos dias recebi a visita de um leitor deste espaço e fiquei deveras
preocupado, porém bastante animado. Falou que era leitor assíduo da minha
coluna, que admira a maneira clara com a qual abordo as questões, mas que nem
sempre concordava com minha linha de raciocínio e me visitou para discutir uma
em especial.
Procuro
dar atenção a quem quer que me procure e não interessa se é para concordar ou
discordar, pois escrevo para levantar a discussão sobre certos assuntos que os
demais jornalistas não abordam, talvez para não receberem opiniões adversas.
O
cidadão era falante, demonstrou seu conhecimento de programas de televisão, de
alguns jornais e do mundo. Uma coisa me chamou atenção: ele citou opiniões de
repórteres, de apresentadores de programas de TV, de colunistas de jornais e se
não o interrompo acredito que até agora estaria dando a opinião de A, B ou C,
exceto a sua.
Por
quê? Porque simplesmente ele não tinha opinião
própria sobre assunto nenhum e muito menos sobre a matéria que eu havia escrito
neste mesmo espaço.
Perguntei-lhe se
tinha filhos e a resposta foi positiva. A resposta mudou o rumo da conversa,
mas não tanto. Coloquei para ele a seguinte questão: E se um dos filhos lhe
pedir qualquer orientação o que senhor dirá? Vai mandá-lo perguntar ao
repórter, ao apresentador de programas de TV, ao colunista de jornal? Ele
simplesmente vacilou.
O
Senhor falou bastante, mas ainda não me deu sua opinião a respeito da matéria que motivou sua visita. Por
favor, fale, o senhor será respeitado pelo seu pensamento, independente de ser
igual ou não ao que defendo.
O
meu objetivo como articulista de um jornal é ser lido e em nenhum momento impor
meu ponto de vista. Meus leitores não estão obrigados a gostar do que escrevo
ou concordar com o que escrevo, mas refletirem profundamente sobre os temas que
abordo.
Esse
cidadão, creio, saiu do meu escritório muito mais esclarecido do que entrou e
com uma avaliação bastante satisfatória do meu trabalho, pois ao se despedir ele
falou: ganhei meu dia e muitas lições de vida conversando com o senhor. É a sua
verdade que o antipatiza, mas os seus ensinamentos lhe enriquecem. Obrigado,
voltarei.
Quando
ele saia, chamei-o: O senhor não está
obrigado a concordar comigo e nem a gostar do que escrevo, mas está obrigado a
me ler. Um grande abraço.
Meus leitores são
a razão maior deste espaço e como tal têm todo o direito de opinar sobre seu conteúdo, pois assim vou aperfeiçoando sua
finalidade.
Caros leitores,
converso com muitas pessoas quase todos os dias e me entristeço profundamente
com a falta de opinião própria da grande maioria e isso é devido à escravidão
que nos impõe a TV e seus programas que salvo honrosas exceções são de uma
mediocridade de assustar até os cegos, os surdos e os mudos.
Os enlatados
de TV e outros modismos estão deixando a maioria cega, surda e muda.
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