quarta-feira, 6 de maio de 2015

OPINIÃO PRÓPRIA



            Há poucos dias recebi a visita de um leitor deste espaço e fiquei deveras preocupado, porém bastante animado. Falou que era leitor assíduo da minha coluna, que admira a maneira clara com a qual abordo as questões, mas que nem sempre concordava com minha linha de raciocínio e me visitou para discutir uma em especial.
            Procuro dar atenção a quem quer que me procure e não interessa se é para concordar ou discordar, pois escrevo para levantar a discussão sobre certos assuntos que os demais jornalistas não abordam, talvez para não receberem opiniões adversas.
            O cidadão era falante, demonstrou seu conhecimento de programas de televisão, de alguns jornais e do mundo. Uma coisa me chamou atenção: ele citou opiniões de repórteres, de apresentadores de programas de TV, de colunistas de jornais e se não o interrompo acredito que até agora estaria dando a opinião de A, B ou C, exceto a sua.
            Por quê? Porque simplesmente ele não tinha opinião própria sobre assunto nenhum e muito menos sobre a matéria que eu havia escrito neste mesmo espaço.
            Perguntei-lhe se tinha filhos e a resposta foi positiva. A resposta mudou o rumo da conversa, mas não tanto. Coloquei para ele a seguinte questão: E se um dos filhos lhe pedir qualquer orientação o que senhor dirá? Vai mandá-lo perguntar ao repórter, ao apresentador de programas de TV, ao colunista de jornal? Ele simplesmente vacilou.
            O Senhor falou bastante, mas ainda não me deu sua opinião a respeito da matéria que motivou sua visita. Por favor, fale, o senhor será respeitado pelo seu pensamento, independente de ser igual ou não ao que defendo.
            O meu objetivo como articulista de um jornal é ser lido e em nenhum momento impor meu ponto de vista. Meus leitores não estão obrigados a gostar do que escrevo ou concordar com o que escrevo, mas refletirem profundamente sobre os temas que abordo.
            Esse cidadão, creio, saiu do meu escritório muito mais esclarecido do que entrou e com uma avaliação bastante satisfatória do meu trabalho, pois ao se despedir ele falou: ganhei meu dia e muitas lições de vida conversando com o senhor. É a sua verdade que o antipatiza, mas os seus ensinamentos lhe enriquecem. Obrigado, voltarei.
            Quando ele saia, chamei-o: O senhor não está obrigado a concordar comigo e nem a gostar do que escrevo, mas está obrigado a me ler. Um grande abraço.
            Meus leitores são a razão maior deste espaço e como tal têm todo o direito de opinar sobre seu conteúdo, pois assim vou aperfeiçoando sua finalidade.      
            Caros leitores, converso com muitas pessoas quase todos os dias e me entristeço profundamente com a falta de opinião própria da grande maioria e isso é devido à escravidão que nos impõe a TV e seus programas que salvo honrosas exceções são de uma mediocridade de assustar até os cegos, os surdos e os mudos.
Os enlatados de TV e outros modismos estão deixando a maioria cega, surda e muda.

              
           
           

            

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